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As seis centrais sindicais reconhecidas pelo governo estão travando uma verdadeira guerra para pôr sua bandeira em velhos e novos sindicatos. Quanto mais entidades e mais trabalhadores representados maior é o repasse de dinheiro oriundo do imposto sindical que elas recebem do Ministério do Trabalho. Para ganhar mais as centrais avançam sobre sindicatos que já existem – independentes ou que pertencem à outras centrais – ou criam outros em categorias já representadas aproveitando brechas na legislação trabalhista. Em jogo a divisão do imposto sindical cuja parcela destinada às centrais deve superar R$ 100 milhões este ano.
O número de sindicatos independentes no país diminui velozmente. Dos cerca de quatro mil que permaneciam distantes das centrais em janeiro do ano passado mais de 800 já preencheram a ficha de filiação e iniciaram pagamento mensal às seis centrais. Levantamento realizado pelo Valor em março apontava que o dinheiro oriundo dos repasses federais representava cerca de 80% do orçamento das centrais. De lá para cá as entidades aumentaram o número de associados – que precisam pagar cotas mensais – mas a fatia do imposto sindical continua ocupando o mesmo espaço. Em algumas como a Força Sindical dona do segundo maior orçamento entre as centrais o imposto sindical representa quase 100% das receitas disponíveis – mais de R$ 30 milhões. A Força no entanto não diminui o ritmo: é a central que mais sindicatos filiou de dezembro de 2008 até o mês passado 450 quase um por dia.
Para aumentar o total de sindicatos filiados algumas centrais desenvolveram equipes regionais treinadas nas sedes nacionais. Essas equipes contactam os sindicatos independentes com kits e apresentações sobre as entidades. Algumas oferecem presentes segundo constatado pelo Valor.
A NCST realizou reunião segunda-feira em sua sede nacional em Brasília para discutir as diferentes formas de abordagem. ‘Trata-se de um trabalho muito importante para nós diz José Calixto presidente da NCST. A central fechou 2009 com 67% de representatividade o que permitiu o repasse federal desse ano – que deve atingir mais de R$ 10 milhões – mas não garante o imposto sindical no ano que vem quando o mínimo exigido pelo governo será elevado a 7%.
Estamos com tempo de vida contado. Ou aumento o número de sindicatos ou desapareço diz Calixto que vai se reunir com as centrais junto ao Ministério para debater os critérios. Mas não tem muito jeito. Nós todos concordamos em 2008 com as regras do governo. Resta trabalhar sobre os independentes para ampliar a filiação.
Os 666 sindicatos registrados pela UGT no Ministério do Trabalho em dezembro do ano passado davam à entidade a quarta colocação em representatividade – 72% segundo os critérios do Ministério – e terceiro maior repasse do imposto sindical – R$ 137 milhões. Ao Valor o presidente da entidade Ricardo Patah que também preside o sindicato dos comerciários de São Paulo afirmou que a central espera receber 30% mais em 2010. Nos primeiros cinco meses do ano a UGT já registrou 101 sindicatos mas conta com um trunfo: é a central com maior número de sindicatos na fila do Ministério esperando a formalização – 1.047. ‘Temos 60 pessoas trabalhando no Brasil inteiro que levam a mensagem da UGT carregando material que produzimos e apresentando nossas práticas diz Patah. Todo tipo de sindicato é abordado? Não apenas os independentes mas claro que muitos outros ligados a diferentes centrais vem nos procurar afirma.
A Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) com 281 sindicatos formalizados e 5% de representatividade no fim de 2009 aposta na realização de seu congresso nacional em dezembro desse ano para agilizar a filiação.
Até o mês passado a central já ampliara sua base em 47 sindicatos além de outros 190 na fila. Mas em dezembro teremos um boom de filiação porque para votar e ocupar cargos na direção da entidade pontos definidos no congresso os sindicatos precisam estar com pagamentos em dia na central assim todos acertam suas pendências antes diz Antônio Neto presidente da CGTB que avisou que a entidade está preparada para ingressar no Ministério tão logo a situação dos sindicatos com a central se normalizem.
As duas maiores centrais sindicais do país CUT e Força Sindical respondem juntas por cerca de 33 mil sindicatos. Número igual de entidades permanecem independentes mas outras 980 aguardam por formalização entre as duas. Com crescimento mais acelerado de 474% entre dezembro de 2008 e junho de 2010 a Força aposta na fatia de sindicatos que permanecem independentes. Segundo João Carlos Gonçalves o Juruna secretário-geral da Força há membros da entidade espalhados no país que abordam os sindicatos independentes. Mas quando ouvimos que há alguém desgostoso com uma central entramos em campo com nosso trabalho de apresentação diz.
Para Juruna CUT e Força contam principalmente com seu tamanho como poder de atração. As visitas ao site da Força refletem esse pensamento avalia Juruna. De acordo com ele a página da central na internet recebeu em média 60 mil acessos mensais no ano passado. No primeiro semestre de 2010 a média subiu 40%.
Com cerca de 500 sindicatos regularizados no governo a mais que a Força a CUT dona da maior fatia do imposto sindical e líder no número de sindicatos filiados é a que apresenta crescimento mais lento. Enquanto as outras cinco entidades reconhecidas pelo governo apresentaram altas próximas a 50% no número de sindicatos filiados entre o fim de 2008 e o mês passado a CUT ampliou sua base em apenas 126%. Por outro lado se repetir o desempenho de formalização registrado no primeiro semestre a CUT fechará o ano com 2 mil sindicatos formalizados no governo com expectativa de receber mais de R$ 31 milhões do imposto sindical ao longo do ano.
Fonte: Valor Econômico
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