‘é esta a conclusão do técnico do Dieese Paulo Jäger que apresentou uma análise de conjuntura durante a X Conferência Interestadual dos Bancários do RJ e ES. O economista afirmou que o segmento alimentação fora do domicílio teve aumento significativo em função da reação dos empresários do setor. Já havia algumas variações mas o impacto só foi sentido agora porque os donos de restaurantes decidiram parar de absorver os aumentos e repassá-los para os consumidores informou Jäger. Ele afirmou também que o impacto desta alta sobre a inflação não é tão alarmante quanto a mídia alardeia. O aumento do preço dos alimentos é importante para as classes com menor poder aquisitivo que destinam a maior parte de seu orçamento às despesas com comida. Para a classe média inclusive os bancários este impacto não é dos maiores. Mas é preciso rever os valores da cesta alimentação e do ticket refeição ponderou o técnico.
Paulo Jäger destacou que a inflação está sob controle ao contrário do que o noticiário leva a crer. E lembrou que a alta dos alimentos é decorrente da migração do capital especulativo para o setor de commodities agrícolas. O único produto que escapa desta lógica é o feijão. O maior consumidor e produtor deste grão no mundo é o Brasil e nós produzimos tudo o que precisamos. O preço estava baixo e com a safra reduzida do ano passado que fez subirem os preços os produtores começaram a segurar o produto para forçar a alta explicou o economista.
O verdadeiro vilão da inflação não é o consumo como diz a mídia. Este fenômeno não acontece só aqui no Brasil ele vem de fora. O aumento do preço do barril de petróleo provoca aumentos em todos os produtos e a especulação com commodities força os preços para cima resumiu o economista. Mas o que pode endurecer o diálogo durante a Campanha Salarial é o remédio não o mal: A resposta do governo foi aumentar os juros o que agrada ao mercado financeiro e reajustar a margem de superávit primário. Isto não chega a travar a economia mas há grande possibilidade de os patrões usarem isso como argumento prevê Paulo Jägger.
índice
A previsão de inflação acumulada até 1º de setembro data-base dos bancários é de que o ICV-Dieese fique em torno de 72% e o IGP-M chegue a 73%. O movimento sindical bancário usa o índice do Dieese com parâmetro que influencia a decisão do índice de reajuste a ser reivindicado. Caso se confirmem as previsões dando uma diferença pequena entre os dois indicadores o índice mínimo para repor perdas ficará pouco acima de 7%.
A palestra de Paulo Jager começou com um panorama do setor financeiro. O desempenho melhora a cada ano. Mesmo com o menor rendimento dos títulos públicos que provocam a redução dos investi-mentos em ações de tesouraria as operações de crédito aumentaram muito não só o crédito direito ao consumidor mas outras formas como o crédito imobiliário que está crescendo muito esclareceu o economista. Ele ainda ressaltou o crescimento da importância das receitas com prestação de serviços que em muitos bancos já custeiam toda a folha de pagamento da empresa. Na contra-mão embora a categoria tenha aumentado um pouco nos últimos anos são ao todo cerca de 422 mil bancários no Brasil o nível de emprego não acompanha no mesmo ritmo a expansão do setor bancário. A abertura de novos postos de trabalho esbarra na visão capitalista de reduzir os custos utilizando-se de expedientes como o uso de mão de obra não bancária como os empregados de correspondentes a intensificação do trabalho e o uso de aparatos tecnológicos para substituir os seres humanos.
Especificamente sobre a questão do trabalho Paulo Jäger destacou outros dois fatores que podem influenciar a campanha salarial: as fusões e aquisições que concentram o setor e a transferência para não-bancários da atividade-fim dos bancos.
Fonte: Unidade Informativo
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