A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu investigar os negócios com ações do Banco do Brasil (BB) e da Nossa Caixa. Isso porque foi constatada movimentação atípica dos papéis antes de o BB anunciar em fato relevante na quarta-feira à noite que está negociando com o governo paulista a incorporação do banco estadual.
A investigação deve verificar se houve irregularidade e nesse caso identificá-la. A movimentação atípica não necessariamente significa que houve informação privilegiada. A CVM acompanha diariamente a movimentação das ações e filtra por critérios técnicos e para exame aquelas que se diferenciam muito. O procedimento é considerado de rotina.
Na terça-feira um dia antes da divulgação do fato relevante as ações ordinárias da Nossa Caixa cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiam para R$ 27. Na sexta-feira dispararam 3152% e chegaram a R$ 3630 mesmo com o Ibovespa fechando o dia em baixa de 117%.
A valorização das ações da Nossa Caixa e do BB nos dias anteriores ao fato relevante vinha sendo explicada como consequência dos balanços das instituições divulgados respectivamente nos dias 14 e 15 deste mês. O lucro do BB foi superior aos de Bradesco e Itaú os dois maiores bancos privados do País. A Nossa Caixa por sua vez teve lucro líquido de R$ 114851 milhões no primeiro trimestre de 2008 alta de 3096% ante o mesmo período de 2007.
Outra razão que vinha sendo apontada para a valorização dos papéis da Nossa Caixa foi a informação divulgada durante a apresentação do balanço de que a instituição esperava aumentar em 50% a sua carteira de crédito para pessoas jurídicas que no fim do primeiro trimestre somava R$ 25 bilhões.
ACORDO
O primeiro passo para a concretização da venda da Nossa Caixa ao BB pode ser dado amanhã com a assinatura de um acordo de confidencialidade. A medida serve para garantir que nenhuma informação sobre os negócios da Nossa Caixa vaze antes do processo de due dilligency que é quando o comprador faz uma auditoria das contas da empresa pela qual ele está interessado.
Por ora as informações usadas nas conversas entre o BB e o governo do Estado devem ser as obtidas pelos Bancos Fator e Citibank contratados para fazer um levantamento dos ativos de todas as estatais paulistas.
O governo estadual acredita que com esses parâmetros poderá definir um valor para a Nossa Caixa. A partir daí seria possível fazer a primeira oferta ao BB. Os principais bancos privados do País contudo contestam a validade do negócio e pedem a realização de um leilão. (ESP)