‘Sete em cada dez profissionais dizem não estar satisfeitos com a sua carreira ou emprego e que gostariam de trocar de função ou empresa. Um dos motivos apontados por 68% dos entrevistados seria a falta de reconhecimento por meritocracia e de remuneração compatível mesmo se sentindo preparados para exercer cargos melhores.
Outro fator de insatisfação no trabalho seria o fato de que 65% das pessoas não fazem o que gostam mas toleram exercer uma atividade remunerada sem prazer em função de questões financeiras familiares ou por imposição da sociedade. Além disso 40% também afirmam que não costumam se planejar e preferem esperar que as mudanças ocorram naturalmente. Os dados são da pesquisa realizada este ano pelo Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom) com 1.340 pessoas.
Reconhecimento
Essa discrepância entre a atividade que causa prazer contra a que gera sofrimento pode ser explicada pela Teoria Psicodinâmica do Trabalho (de Christophe Dejours) afirma a psicóloga Janete Capel professora do Instituto de Pós-Graduação (Ipog) mestre em Psicologia Gestão Estratégica e Gestão de Pessoas. Segundo a teoria quem trabalha busca reconhecimento e valorização; sem esses dois elementos a decepção pode afetar a saúde física e mental do profissional numa escala psicodinâmica.
Enquanto essa dinâmica não for mudada não existe a possibilidade de transformar o sofrimento em satisfação ainda que existam outras fontes de prazer. Por outro lado estar insatisfeito não deve ser encarado como algo comum e sem importância. Identificar a fonte do problema pode parecer difícil mas é necessário. Pode ser por falta de identificação com a atividade que desenvolve e não com a empresa e por isso é preciso ter um autoconhecimento maior a cada nova função para não repetir o mesmo erro.
Formação
Falta de qualificação também pode deixá-lo refém do emprego. A baixa empregabilidade o obriga a aceitar qualquer tipo de atividade para garantir a sobrevivência. Além disso a ineficiência gera insatisfação. Nesse caso a solução é atacar as áreas profissionais deficitárias e investir em formação.
Por outro lado há quem seja preparado e eficiente mas não tem a devida valorização. Isso pode ocorrer em empresas que não se preocupam em com o ambiente de trabalho nem com a segurança do empregado possui um clima desfavorável uma liderança que não mantém relacionamentos saudáveis dentre outros.
Nesse caso a primeira atitude é tentar dialogar com a empresa falar sobre o ponto de vista da necessidade de mudança e se propor a contribuir para isso. Apenas se as tentativas não surtirem efeito é que será indicado a possibilidade de deixar a corporação. Mas para isso é preciso antes um planejamento.
“As soluções para a insatisfação no trabalho passam por três aspectos. A intrapessoal em que ele deve melhorar o próprio conhecimento; o interpessoal que é buscar colaborações e ambientes corporativos saudáveis; e a transcendência que é tornar sua produção útil para além dos muros da empresa” frisa Janete Capel
Fonte: Jornal O Popular’