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O resultado é bastante influenciado por setores que pressionam a inflação ajudando a explicar as preocupações do Banco Central com o mercado de trabalho. Nos últimos 12 meses a massa real de rendimentos subiu 119% na rubrica outros serviços que engloba atividades como alojamento e alimentação (hotéis e restaurantes) e serviços pessoais 10% na construção civil e 85% no setor que inclui administração pública educação saúde e serviços sociais. O levantamento foi feito pela Tendências Consultoria a pedido do Valor com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
Os setores que têm influenciado mais a inflação também estão entre aqueles com maior aumento da massa salarial nos últimos 12 meses. A combinação de mais emprego e rendimento aumentou a massa de salários dos últimos 12 meses em 79% reais nas seis principais regiões metropolitanas mas nos chamados outros serviços (que englobam atividades como alojamento e alimentação transportes e serviços pessoais) a alta foi de 119% e ficou em 10% na construção civil. No setor que inclui administração pública educação saúde e serviços sociais entre outros o crescimento também ficou acima da média e chegou a 85%.
O próprio aquecimento do mercado de trabalho ajuda a entender o que se passa com serviços. Com emprego e renda em alta a demanda por essas atividades se mantém firme. Na construção o momento ainda favorável do mercado imobiliário e em menor medida da infraestrutura explicam o bom resultado. O levantamento foi feito pela Tendências Consultoria a pedido do Valor com base nos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
Os números do IBGE mostram contudo que o melhor momento da combinação salários e emprego ficou para trás em setores importantes. é o caso da própria construção que encerrou 2010 com alta real de 171% da massa salarial e agora cresce a um ritmo de 10%. O rendimento real no segmento aumentou 81% nos 12 meses até maio depois de crescer 109% em 2010. A desaceleração é forte especialmente no nível de emprego que viu sua taxa de expansão cair de 58% em 2010 para 18% nos 12 meses até maio.No período mais recente a desaceleração da massa salarial fica ainda mais clara. Em maio o valor que chegou ao bolso dos trabalhadores nas seis principais regiões metropolitanas foi de R$ 351 bilhões R$ 500 milhões abaixo do recorde atingido em outubro de 2010 já corrigido pela inflação.
O economista Sérgio Mendonça do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) diz que é natural alguma acomodação da alta do emprego na construção depois do forte crescimento dos últimos anos. Em São Paulo por exemplo muitos empreendimentos imobiliários foram concluídos recentemente diz ele observando que o investimento do governo federal está mais contido em 2011. No entanto como continua a haver escassez relativa de mão de obra no setor o rendimento ainda cresce a uma taxa expressiva diz. Em São Paulo os trabalhadores da categoria conseguiram em maio um reajuste real de 34%.
Já os chamados outros serviços mostram um desempenho bastante robusto. Nos 12 meses até maio a alta da massa salarial de 119% se deve a um crescimento real de 56% da renda e a um aumento de 6% da ocupação. O bom desempenho do mercado de trabalho explica esse movimento diz o economista Rafael Bacciotti da Tendências.
Mendonça do Dieese lembra que o momento é amplamente favorável para serviços como bares e restaurantes. Os preços de alimentação fora do domicílio crescem com força. Isso ajuda a abrir espaço para contratações e reajustes de salários.
O economista Fabio Ramos da Quest Investimentos nota que há mudança estrutural no país nos últimos anos com maior formalização do emprego e melhora da renda. Isso se traduz em demanda mais forte por diversos tipos de serviços o que dá mais conforto para as empresas que atuam nesses segmentos ampliar seus quadros e reajustar salários.
O setor que inclui administração pública educação saúde defesa seguridade social e serviços sociais viu o rendimento real crescer 46% nos 12 meses até maio enquanto a ocupação subiu 37%. Para Mendonça o crescimento expressivo da renda pode ter alguma influência dos salários no setor público mas é provável que uma parte mais expressiva venha dos ganhos de setores como educação e saúde também beneficiados pela força do mercado de trabalho.
A fase de grandes aumentos salariais do governo federal que se concentraram em 2008 e 2009 ficou para trás observa ele. Segundo Mendonça eventuais reajustes promovidos por governos estaduais podem ter algum peso mas o impacto maior pode vir de serviços privados como educação.
Um caso curioso ocorre com os serviços domésticos como destaca Ramos da Quest. A renda cresce 65% acima da inflação nos 12 meses até maio mas o nível de emprego recua 49% no período. Com isso a massa salarial do setor sobe apenas 13%. Com a economia aquecida um número considerável de empregados domésticos busca emprego em outras áreas o que ajuda a empurrar para cima o rendimento.
Na indústria a massa salarial tem ganhado fôlego. Depois de fechar 2010 com alta de 49% o setor viu o número subir para 77% nos 12 meses até maio. A ocupação na indústria contudo já dá sinais de desaceleração. Cresce 34% nos 12 meses até maio – nessa base de comparação chegou a crescer quase 4% em fevereiro.
O nível de emprego como um todo aliás tem crescido com menos força. A ocupação fechou o ano passado com aumento de 35% mas já arrefeceu para 3% nos 12 meses até maio. Para os analistas isso é natural depois de um ano excepcional para o mercado de trabalho como foi 2010 num cenário em que há um ciclo de alta de juros uma política fiscal mais austera e medidas para conter a expansão do crédito.
O rendimento médio de todos os setores ainda acelera no acumulado em 12 meses de 38% em dezembro de 2010 para 49% em maio mas também tende a perder terreno num quadro de desaceleração econômica avalia Ramos. Em resumo a massa ainda ajudará a estimular o consumo mas não será um incentivo tão poderoso como no ano passado.
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