‘O governo do Distrito Federal conclui dentro de quatro meses o processo de incorporação do Banco de Brasília (BRB) pelo Banco do Brasil (BB) e a venda da conta salário dos 180 mil servidores ativos e inativos do DF.
O Estado apurou que a auditoria da KPMG encerrada na semana passada detectou ao menos R$ 300 milhões de créditos podres no BRB. As negociações começaram em 31 de janeiro passado quando o banco regional divulgou fato relevante anunciando o início das conversas com o BB.
No momento o Banco do Brasil negocia além do BRB as incorporações do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) do Banco do Estado do Piauí (BEP) e da Nossa Caixa do governo do Estado de São Paulo. A estratégia de crescer por meio da aquisição de bancos públicos foi deflagrada em 2007 para disputar mercado com os grandes bancos privados como Bradesco e Itaú. Hoje o BB tem 57 agências no DF; o BRB 48.
O governador José Roberto Arruda (DEM) quer que o BB pague R$ 800 milhões pela folha de pagamento dos servidores do DF mas o mercado considera esse valor exagerado – o Banco do Brasil terá direito a explorar as contas salário com exclusividade ao menos até 2011. Por uma folha de 11 milhão de servidores o governo de São Paulo arrancou da Nossa Caixa em março do ano passado R$ 2 bilhões. Segundo especialistas o governador pode conseguir no máximo entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões.
Arruda considera que a negociação para incorporação e venda ao BB é melhor do que leiloar o BRB em processo de privatização. Por dois motivos: porque não tem maioria entre os 24 deputados da Câmara Distrital e dificilmente conseguiria autorização para o leilão e porque com a venda ao BB os 4 mil bancários do BRB continuam a ser funcionários públicos.
ESCâNDALOS
Em janeiro de 2007 logo que assumiu o DF Arruda demitira 14 mil apadrinhados do governo antecessor Joaquim Roriz (PMDB) que estavam alojados na instituição fantasma Instituto Candango de Solidariedade (ICS) além de cortar 10 mil dos 24 mil cargos comissionados que tinham emprego no Palácio do Buriti sede do governo local.
Sindicalistas costumam acusar governos que vendem bancos estatais de entregar o patrimônio público mesmo quando são altamente deficitários e obrigados e sustentar negócios político-partidários. No caso do BRB o banco foi só em 2007 palco de dois grandes escândalos revelados pela Operação Aquarela da Polícia Civil que levaram à prisão temporária de Tarcísio Franklin de Moura presidente da instituição entre 1999 e 2006.
O comando do banco se envolveu numa fraude com cartões corporativos usados para fazer saques milionários em nome de empresas de consultoria contratadas sem licitação. Parte desse dinheiro segundo procuradores foi parar na campanha de Roriz.
BB VAI àS COMPRAS
Planos de incorporação crescimento e engorda financeira do Banco do Brasil
Banco do Estado de Santa Catarina (Besc): Entre as instituições públicas sondadas pelo BB esta é a que está em processo mais avançado. O contrato já foi assinado e os dois bancos estão atualmente em processo de incorporação .
Banco do Estado do Piauí (BEP): A operação de incorporação pelo BB foi aprovada pelo Senado mas é preciso marcar assembléia dos acionistas para chancelar o negócio .
Banco de Brasíia (BRB): Os sócios avaliam relatório de auditoria.
Brevemente BB e governo do Distrito Federal devem negociar os valores da transação para posterior aprovação dos acionistas .
Nossa Caixa: A Consultoria Accenture e os bancos Citibank Fator e UBS Pactual avaliam os ativos e o valor de mercado do banco. O negócio precisa ser aprovado pela Assembléia Legislativa de São Paulo .
MaxBlue: Em 2001 o BB se associou ao alemão Deustche Bank para abrir a butique de investimentos MaxBlue. Amargou prejuízo porque o sócio estrangeiro desistiu do projeto. Na época o BB pensou em comprar as ações do Deustche mas a legislação teria de ser alterada.
O BB é sócio de empresas privadas em subsidiárias:
BrasilPrev com o grupo americano Principal Financia Group; BrasilCap com o Icatu Hartford Sul América e Aliança da Bahia; BrasilVeículos com a Sul América; BrasilSaúde com Sul América; Aliança do Brasil com a Aliança da Bahia
Fonte: Estado de S.Paulo
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