‘A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira (7) por unanimidade a proposta que reserva 20% da vagas em concursos públicos federais para afrodescendentes pelos próximos dez anos (PLC 29/2014).
O texto que pode ser votado ainda nesta quarta-feira no plenário da Casa estabelece que poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público segundo quesitos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A reserva vale para concursos com vagas para a administração pública federal autarquias empresas públicas sociedades de economia mista controladas pela União como o Banco do Brasil a Caixa Econômica Federal e a Petrobras.
Ainda pela proposta a reserva para negros e pardos vale apenas em concursos públicos que disponibilizem mais de três vagas. A nova regra não se aplicará a certames cujos editais tenham sido publicados antes da entrada da lei em vigor.
Caso seja constatado que a declaração de preto ou pardo é falsa o candidato será eliminado do concurso e se já tiver sido nomeado poderá ter sua admissão anulada e responder a procedimento administrativo.
Para o relator da proposta na CCJ senador Humberto Costa (PT-PE) a reserva de vagas em concursos repete o sucesso da política de cotas adotada em universidades federais brasileiras. "Constatou-se que havendo oportunidade para todos o mérito de cada um é semelhante sendo os benefícios sociais inestimáveis. Criou-se dessa maneira um círculo virtuoso que esfacelou a naturalização de uma cultura racista" ressaltou.
Ainda segundo o senador Humberto Costa estimativas do Ministério do Planejamento indicam que apenas 30% dos servidores públicos federais ativos são negros [pretos ou pardos] contrastando com os 507% de negros que compõem a população brasileira conforme dados do Censo 2010. Em carreiras com maior remuneração a desigualdade é ainda maior: entre os diplomatas apenas 59% são negros; entre auditores da receita são 123%; e na carreira de procurador da fazenda nacional 142%.
Caso o texto aprovado pela CCJ seja aprovado sem alterações no plenário da Casa a proposta vai à sanção presidencial.
Fonte: Agência Brasil’