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Esse estoque é mais um motivo de pressão no segmento de usados que vive queda sem precedente nos preços e cuja falta de liquidez trava as ações para retomar a venda de carros novos.
Os principais bancos que financiam veículos relatam que o volume de recuperação cresceu de 20% a 30% no início do ano em relação ao que acontecia até setembro. Já leiloeiros e empresas terceirizadas de recuperação veem alta de até 50% no número de veículos que costumava chegar aos pátios.
Segundo o Banco Central o sistema financeiro tinha uma inadimplência média de 43% em dezembro o maior nível desde 2002. Se todos esses carros voltassem ao mercado somariam até R$ 3506 bilhões -o valor efetivamente recuperado no entanto é sempre menor do que a inadimplência total porque os bancos procuram esgotar todas as possibilidades de negociação (leia abaixo).
A retomada também não costuma cobrir o valor da dívida financiada devido à depreciação e aos custos envolvidos na recuperação. Do dinheiro arrecadado em leilão parte cobre a dívida em aberto no banco e o restante volta ao cliente para indenizar as prestações pagas como define o Código de Defesa do Consumidor.
No Bradesco o volume financeiro de carros recuperados triplicou no ano passado até dezembro -saltaram de R$ 761 milhões no final de 2007 para encerrar o ano em R$ 2075 milhões. Só a recuperação de carros teve um impacto de R$ 3003 milhões na contabilidade do banco sendo R$ 92892 milhões em provisão para perdas. O Banco do Brasil teve recuperação de R$ 207 milhões no final de dezembro ante R$ 584 mil no final de 2007.
O Santander/Real cuja financeira Aymoré é uma das líderes no setor não diferencia as receitas provenientes de recuperação de veículos e imóveis (que têm a menor inadimplência do mercado) mas reporta um volume retomado de R$ 2777 milhões em dezembro -no ano anterior estava em R$ 1928 milhões. Outro líder do mercado o Banco Votorantim não detalha em seu balanço o crescimento da recuperação mas os executivos afirmam que se trata de uma das menores do mercado. Itaú e Unibanco ainda não divulgaram resultados.
Infraestrutura limitada
A retomada de carros pelos bancos está tão alta que esbarra inclusive na infraestrutura limitada de pátios que se esgotaram em São Paulo e lotam áreas no interior do Estado.
Apesar da preocupação crescente com a inadimplência o volume de carros retomados representa pouco mais de 1% dos 9 milhões de veículos alienados no país segundo a Fenabrave (associação das concessionárias). Na conta dos bancos de cada 4 financiamentos inadimplentes apenas 1 termina com a retomada.
Para o presidente da Fenabrave Sergio Reze a recuperação de veículos cresceu junto com a inadimplência mas encontra-se ainda em um patamar absorvível pelo mercado criando oportunidades para lojas de usados empresas de recuperação leiloeiros e administradores de pátios.
Os 100 mil [veículos recuperados] estão dentro dos padrões normais. é um pouco mais de 1% dos financiamentos. Se fosse uma coisa de outro mundo viraria um negócio para a gente [concessionárias]. Se os leilões vendem não há encalhe. O problema dos bancos acaba virando um negócio para terceiros disse Reze.
Maior leiloeiro de veículos do país Luiz Fernando Sodré Santoro afirma que vendeu 5.300 carros em janeiro em seu pátio em Guarulhos (Grande São Paulo) 20% mais do que em janeiro do ano passado. Em fevereiro o movimento continua firme. Quem compra um carro no leilão costuma pagar no mínimo 30% menos disse.
‘Temos um aumento de mais de 50% de veículos retomados desde o final do ano disse Mário Cássio Maurício da CNVR (Comercialização Nacional de Veículos Reintegrados) que faz a recuperação de carros.
O maior volume desses carros no entanto só deve chegar aos pátios a partir de março refletindo a inadimplência de janeiro. Isso porque a reintegração da posse de um veículo alienado pode demorar até três meses dependendo da disputa judicial. Infelizmente quando a inadimplência sobe a atividade de cobrança aumenta incluindo a recuperação. A inadimplência de 43% ainda é administrável. O que me preocupa é a curva [crescente]. Onde ela vai parar? disse Luiz Montenegro presidente da Anef (associação dos bancos das montadoras).
Fonte: Folha de S.Paulo
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