‘Em meio a prejuízos bilionários de fundos de pensão ligados a estatais e bancos públicos o Senado aprovou nesta quarta-feira 6 projeto de lei complementar que reduz a influência política na escolha de diretores de fundos de pensão. A proposta relatada pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Ana Amélia (PP-RS) cria mecanismos para impedir que dirigentes de partidos participem da gestão de entidades fechadas de previdência complementar vinculadas ao poder público. A matéria agora seguirá para a Câmara.
A proposta atua em três vertentes: profissionalização e despolitização dos conselhos deliberativos e fiscais e das diretorias dos fundos; definição das atribuições dos órgãos de fiscalização internos das entidades; e divulgação de informações e resultados para contribuintes. O texto proíbe que conselheiros e diretores tenham atuação político-partidária quando nos cargos. Também cria uma espécie de quarentena de 24 meses para que dirigentes partidários não ocupem cargos nos conselhos ou em diretorias dos fundos. Também se aprovou a vedação nos 12 meses após esses integrantes dos conselhos ou diretorias de assumir qualquer posição de dirigente partidário.
A proposta não proíbe toda pessoa filiada a participar de conselhos e diretorias dos fundos. Considera atividades político-partidárias aquelas em que o cidadão atue como participante de estrutura organizacional e decisória de partidos e em trabalhos vinculados à organização estruturação e realização de campanhas eleitorais.
“O que estamos buscando fazer é retirar da ingerência política direta e partidária a gestão dos fundos de pensão porque assistimos nos últimos anos perdas sucessivas neles” disse Aécio. No parecer ele destacou que o marco legal dos fundos de pensão apresenta fragilidades e não está sendo capaz de prevenir irregularidades. Segundo ele fundos como Postalis Funcef Petros e Previ registraram déficits de mais de R$ 30 bilhões cuja conta será custeada por funcionários desses órgãos.
O senador Jorge Viana (PT-AC) elogiou a votação da proposta mesmo durante a crise política. “Hoje podemos aqui mesmo no meio deste período de turbulência prestar conta à nação ao País fazendo um trabalho que vai fazer com que os fundos de pensão possam atravessar crises econômicas que possam ter maior governança”.
O texto também prevê a criação da figura do conselheiro independente que ficará atrelado aos colegiados fiscal e deliberativo. Ele será escolhido em processo seletivo conduzido por empresa especializada devidamente contratada para a finalidade sob a orientação do conselho deliberativo do fundo.
A proposta obriga o envio das informações dos fundos de pensão aos órgãos de fiscalização em forma e prazo a serem definidos pelo órgão regulador aos tribunais de contas da União do Estado do Distrito Federal ou do Município observada a área de competência do tribunal.
Fonte: O Estado de S.Paulo’