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Segundo o economista Marcelo Piancastelli do Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados (Ipea) o Fundo é uma poupança compulsória usada para financiamento de projetos do governo de empresas e também para linhas para a casa própria destinadas aos consumidores. O rendimento é pequeno para que o custo de repasse desse dinheiro ao mercado também seja mais baixo.
Entretanto Piancastelli ressalta que quem paga a conta dos empréstimos mais baratos é o trabalhador uma vez que o dinheiro da poupança se desvaloriza ao ter rendimento inferior à inflação. Os bancos que usam os recursos do FGTS são os grandes beneficiados. O Fundo rende 39% mas eles emprestam a prefeituras e empresários a taxas mais elevadas. Quem lucra com os recursos do FGTS são os bancos oficiais.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que as perdas do FGTS em relação à inflação ocorreram diversas vezes nos últimos anos: em 1999 o fundo rendeu 542% enquanto a inflação pelo IPCA marcou 894% no mesmo ano; em 2004 a correção ficou em 49% enquanto os preços subiram 76%.
Como usar o dinheiro
Por conta das perdas reais do fundo especialistas dizem que dependendo da poupança em FGTS comprar um imóvel pode ser uma boa saída para evitar prejuízos. O FGTS rende menos que a inflação há tempos. é um competidor que nasceu para perder pois rende metade da poupança [a renda das cadernetas é de 6% ao ano + TR] explica o professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP) Rafael Paschoarelli.
Segundo o professor é inconcebível alguém ter mais de R$ 100 mil parados no fundo de garantia. Para quem tem grandes montantes em FGTS a saída é usar o dinheiro em alternativas mais viáveis e uma delas é comprar um imóvel.
Para o especialista o FGTS tem caráter confiscatório. é uma contribuição obrigatória que compõe o salário. Se [o FGTS] rende menos do que a inflação cada vez que você deixa o dinheiro lá comprará menos [no futuro] explica. Ele lembra que quem aplicou o dinheiro do Fundo em ações da Petrobras e da Vale no passado fez um bom negócio. Neste caso não vale a pena tirar o dinheiro de lá.
O consultor em finanças Alexandre Lignos diz que em comparação ao mercado de imóveis o FGTS é um mau negócio. Se a pessoa tiver R$ 120 mil em FGTS e usar o dinheiro para comprar um imóvel [essa residência] vai se valorizar mais do que o fundo ainda que o imóvel tenha depreciação diz.
Ambos os consultores lembram que de uma maneira geral os imóveis vêm se valorizando no país. Com pessoas empregadas a demanda por imóveis cresce e a oferta não consegue acompanhar particularmente nas classes que não tinham acesso crédito. O déficit habitacional não está nos imóveis mais caros e sim nos mais baratos diz Paschoarelli.
Planejamento da compra
Lignos diz porém que o uso do FGTS deve ser planejado com cuidado para que a vantagem do uso do Fundo em uma aplicação mais rentável como um imóvel não se perca no pagamento de juros excessivos e no endividamento. Na hora de se fechar a compra do imóvel que é uma dívida de longo prazo deve-se levar em consideração sempre o pior cenário possível aconselha.
Da mesma forma é preciso ficar de olho no tamanho da dívida a ser assumida quanto maior o prazo de pagamento maior a quantidade de juros paga pelo consumidor. Não acho que adianta fazer uma dívida de R$ 150 mil para livrar R$ 50 mil do FGTS explica Lignos.
Segundo ele a análise da capacidade de pagamento deve ser estritamente pessoal: Não adianta olhar o apartamento que o colega de empresa tem. Ele pode ter ajuda da família caso a coisa aperte viver outra situação financeira.
Para Alexandre Lignos na hora de adquirir a casa própria ou um imóvel para investimento vale a mesma máxima aplicada para os carros: Mais vale um Palio quitado do que uma Captiva da qual só foram pagas duas prestações.
Fonte: G1
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