‘
O movimento de consolidação do setor bancário brasileiro iniciado a partir da queda da inflação com o Plano Real em 1994 acelerou-se a partir da primeira década do século XXI com a entrada dos conglomerados estrangeiros o acirramento das operações de fusões e aquisições entre bancos e a própria crise econômica em 2008 nos Estados Unidos e na Europa.
E não é só na intermediação de recursos que os bancos se concentram. Segundo levantamento da CardMonitor empresa de pesquisa do mercado de meios eletrônicos de pagamentos os cinco maiores bancos emissores de cartões detinham 68% do mercado em 2005. No ano passado a fatia subiu para 81%. Ainda assim Rodrigues afirma que este movimento de consolidação ainda está longe de ter se esgotado. Os pequenos e médios bancos brasileiros que cresceram em número por conta da popularização do crédito consignado ainda não se recuperaram completamente do encurtamento do crédito após a crise e das regras mais restritivas impostas pelo Banco Central (BC).
– O mercado caminha para mais concentração porque os menores não estão totalmente livres de problemas de capitalização e seus controladores não têm fôlego para isso. Prevemos fusões e aquisições nesta faixa – diz Rodrigues. Concentração é parte de problema diz analista
Tal concentração e aumento da concorrência não foram capazes de trazer para baixo nem as taxas de juros cobradas em empréstimos cheques especiais ou cartões nem as tarifas cobradas pelas instituições por seus serviços. As diferenças observa o consultor e ex-economista-chefe da Febraban Roberto Luis Troster são gritantes e mostram de um lado problemas de eficiência das instituições e de outro desequilíbrios tributários de regulamentação e de política monetária como os recolhimentos compulsórios.
– Enquanto a taxa básica de juros a Selic cresceu 025 ponto percentual em 2011 os juros do crédito pessoal sem contar os empréstimos consignados subiram 45 vezes mais. O Itaú cobra 884% pelo cheque especial enquanto a Caixa cobra 798%. A concentração é apenas parte dos problemas – diz Troster.
Há quem discorde. O professor do Centro de Estudos Avançados e Multidisciplinares da Universidade de Brasília Newton Marques ex-analista econômico do BC afirma que os grandes bancos competem entre si por ativos mas o BC com uma regulamentação frouxa permite que bancos façam acordos tácitos que inibem a concorrência do ponto de vista dos clientes.
– São táticas de oligopólio. – diz ele.
Na avaliação da professora do Instituto de Economia da UFRJ Jennifer Hermann a concorrência não aumentou:
– Os spreads e a lucratividade dos bancos não caem porque a concorrência não aumentou. O custo para mudar de banco é gigantesco no país as taxas são mal explicadas pelos bancos e não temos uma legislação antitruste capaz de evitar por exemplo uma fusão entre o Itaú e o Unibanco que acabou acelerando o movimento de concentração de outros bancos.
A aproximação entre o Bradesco e o Itaú em termos de ativos totais é o resultado de uma estratégia agressiva de crescimento que o Bradesco adotou no dia seguinte ao anúncio da fusão entre Itaú e Unibanco e que focou segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ Luiz Fernando de Paula no aumento de agências e funcionários – seguindo a tradição do banco de ter uma presença geográfica enorme – e na captação para sua base de clientes de gente que nunca teve uma conta bancária na vida surfando na emergência das classes C e D. Além disso também avançou em pequenas e médias empresas um segmento onde o Bradesco é líder em empréstimos. O Itaú por sua vez não desprezou os segmentos onde é líder como private banking banco de investimento e as soluções para grandes empresas.
Fonte: O Globo
‘