O fundo será composto principalmente por recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O Banco do Brasil também poderá entrar com uma parcela.
O anúncio será feito durante reunião em Brasília com empresários que fazem parte do grupo de acompanhamento da crise. O grupo foi criado neste início do ano pelo ministro da Fazenda Guido Mantega para o governo acompanhar melhor a crise e poder tomar medidas com o objetivo de minimizar seus efeitos.
A criação de um fundo garantidor de crédito para as pequenas e médias empresas foi uma das principais reivindicações desse grupo. Em todas as reuniões realizadas neste ano a restrição ao crédito principalmente para as empresas de menor porte sempre foi a maior queixa dos empresários.
O governo espera que a adoção do fundo garantidor sirva não só para os bancos destravarem o crédito para as pequenas e médias empresas como também para baixarem os juros dos empréstimos.
O risco da inadimplência é apontado pelos bancos como um dos principais fatores pelas altas taxas de juros cobradas às empresas de menor porte.
O fundo garantidor irá funcionar como uma espécie de aval para os bancos voltarem a conceder financiamento às empresas menores sem correrem o risco de o pagamento não ser efetuado. O fundo elimina o risco da inadimplência.
Os detalhes técnicos do fundo estavam sendo fechados ontem à noite. O montante não foi concluído mas o dinheiro virá principalmente dos R$ 100 bilhões que a União se comprometeu a repassar para o orçamento do BNDES dos próximos dois anos. O Banco do Brasil também poderá entrar com uma parte. Ontem a diretoria do banco foi informada pelo governo sobre a criação do fundo. Os recursos do fundo podem chegar a R$ 10 bilhões mas o martelo não foi batido.

BNDES
O governo também deve baixar os juros do repasse para o BNDES. Hoje a União cobra uma taxa de 25% mais os 625% da TJLP (taxa de juros de longo prazo que serve como termômetro para os empréstimos do BNDES). Com a queda da Selic a taxa básica de juros da economia o governo deve abrir mão dos 25% ou de pelo menos uma parte.
O custo dos financiamentos do BNDES deve ser outro tema importante da reunião de hoje. Os empresários têm dito ao governo que o dinheiro do BNDES ficou caro depois que a Selic começou a baixar.
“O governo já deveria ter criado esse fundo antes“ disse o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida professor da Unicamp e ex-secretário de política econômica da Fazenda no governo Lula.
De acordo com o economista as pequenas e médias empresas são as que mais sofrem com a escassez do crédito. Apesar dos juros altos os bancos não fecharam totalmente as portas para os empréstimos às companhias de maior porte.
O governo tinha uma expectativa de que com a normalização do crédito para os bancos médios o acesso para as pequenas empresas também melhorasse. Mas isso não aconteceu.
“O custo do dinheiro continua muito alto“ disse Paulo Godoy presidente da Abidb (Associação Brasileira da Indústria de Base) e um dos participantes da reunião de hoje.
Fonte: Folha de S.Paulo

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