‘A inadimplência da Caixa no primeiro trimestre deste ano acendeu a luz amarela no banco. Mesmo com a venda de carteiras o nível de atrasos acima de 90 dias fechou em 351% bem próximo à média do mercado que foi de 355%. No segundo trimestre o banco conseguiu reduzir a inadimplência e se distanciar novamente dos concorrentes privados antecipou à reportagem o presidente da Caixa Gilberto Occhi. Os números ainda não foram divulgados.
"Não suportamos uma inadimplência acima da do mercado. Essa redução é talvez o segredo da melhoria do resultado no segundo trimestre. Poderia ser melhor? Sim se tivéssemos a oportunidade de vender carteiras no mercado" afirmou.
Sem essa opção o banco investiu em outras frentes. Criou uma diretoria específica para cuidar da redução da inadimplência e das provisões que é obrigado a fazer para cobrir o risco de calotes dos clientes. A provisão contra inadimplência da Caixa cresceu 22% nos primeiros três meses em relação a igual período de 2015.
O nível de calotes no crédito ao consumo das famílias subiu de 581% para 642% no último ano mas caiu em relação aos mais de 7% do final de 2015 em parte devido à venda de carteiras de crédito com prestações em atraso parte delas já baixadas a prejuízo.
Criada 15 dias depois de Occhi assumir a chefia do segundo maior banco do País a diretoria focou nos maiores clientes nos empréstimos imobiliários a empresas em operações corporativas de infraestrutura e com governos. Nos segmentos de empresas e habitação os atrasos alcançaram no primeiro trimestre de 2016 níveis recordes desde que o banco passou a ser usado pelo governo como a locomotiva de crédito logo após a crise de 2008.
Qualquer redução no nível de inadimplência dos financiamentos à casa própria tem impacto significativo no número total porque a carteira imobiliária representa quase 60% do crédito total. "Não é um milagre é trabalho com foco" afirmou Occhi.
Depois de ser protagonista na expansão de crédito no Brasil nos últimos anos com crescimento da carteira até superior a 40% ao ano a Caixa passa por brusca desaceleração na concessão de empréstimos e financiamentos. Fechou 2015 com aumento de 119% ritmo bem menor do que os 224% de 2014 e os 368% de 2013. Occhi antecipou que a expansão no segundo trimestre deve ficar entre 7% e 8% quase o dobro da média verificada entre os concorrentes.
Com a recessão prolongada a inadimplência aumentou o que obrigou o banco a fazer provisões maiores para cobrir eventuais calotes. A exigência diminuiu o lucro do banco que não contará com novas injeções de recursos do Tesouro e depende de lucros retidos para reforçar o capital.
A queda de 46% no lucro do primeiro trimestre foi impactada principalmente pela provisão de R$ 700 milhões para as eventuais perdas com a Sete Brasil empresa criada para construir e fornecer sondas para exploração do pré-sal. A empresa entrou em recuperação judicial no fim de abril após o fechamento do balanço do trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão’