O Conselho de Administração do Banco do Brasil discutiu ontem a compra de instituições financeiras e definiu o modelo de incorporação para assumir o controle do Banco do Piauí. As outras instituições que o BB quer comprar são a Nossa Caixa o Banco de Brasília e o Banco Votorantim.
Dos três apenas as negociações com o Votorantim não são confirmadas oficialmente pelo BB. Mas na reunião de ontem os integrantes do Conselho discutiram a estratégia e a política de negócios que o Banco adotará em cada um dos casos.
No caso da compra do Banco do Piauí com negociações avançadas a solução saiu ontem mesmo. Enquanto o Conselho do BB avaliava as opções de compra uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do Banco do Piauí aprovou a incorporação ao BB.
Em relação aos outros casos a conclusão das negociações pode ocorrer nos próximos dias. O BB no entanto não divulgou informações sobre a reunião do Conselho de Administração para não infringir as regras da Conselho de Valores Mobiliários (CVM) que exige um comunicado ao mercado sobre a compra de bancos.
NOSSA CAIXA
A negociação com a Nossa Caixa está perto de ser fechada mas depende de três acertos envolvendo diferentes combinações de preço condições de pagamento e prazo.
As negociações de preço têm variado entre R$ 64 bilhões e R$ 7 bilhões. O governo de São Paulo quer receber à vista. Já o BB quer concluir o pagamento em três anos.
Enquanto o governador José Serra quer que todo o valor seja pago em dinheiro o governo federal quer que uma parte do pagamento seja feita em ações do Banco do Brasil.
Segundo fontes ligadas às negociações as duas partes estão bem próximas de um acordo e a compra poderá ser anunciada nos próximos dias.
As negociações em torno da Nossa Caixa começaram no início do ano em paralelo com a tentativa do governo de São Paulo de privatizar as Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp). Mas a venda da Cesp fracassou depois que o governo federal se negou a renovar concessões das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira. Uma fonte graduada do governo de São Paulo negou que uma eventual venda da Cesp tenha voltado à mesa de negociações.
RESULTADOS
Os conselheiros analisaram também o balanço do banco no terceiro trimestre. O resultado é bom porque contabilizou apenas 15 dias de crise. Afinal foi a partir de 15 de setembro que a crise atingiu seu momento mais agudo.
Segundo fontes ligadas ao banco as maiores dificuldades financeiras foram percebidas pela instituição no mês de outubro quando houve a retração das linhas de crédito internacionais e a falta de liquidez no mercado interno.
Com as medidas adotadas pelo governo o BB conseguiu liberar R$ 15 bilhões de compulsórios e R$ 6 bilhões já foram utilizados na compra de carteiras de bancos seja de crédito consignado ou financiamento de veículos.
A reunião do Conselho de Administração do BB que é presidida pelo secretário extraordinário de reformas econômico-fiscais Bernard Appy durou o dia inteiro. Foi a primeira reunião do Conselho depois da edição da Medida Provisória 443 de outubro que autoriza o BB e a Caixa Econômica Federal a comprarem instituições financeiras e empresas privadas.
Embora os bancos já possam fechar negócios com base na MP o ministro da Fazenda Guido Mantega está empenhado na aprovação da medida. Amanhã ele se reunirá com o presidente da Câmara Arlindo Chinaglia para negociar a votação da proposta em plenário.
Fonte: O Estado de S.Paulo