Um dos caminhos para forçar a queda do spread passa pelos bancos pequenos. A ideia ainda em estudo ressalta uma fonte é usar o BB a Caixa e o BNDESPar braço de participações do BNDES para comprar fatias de bancos pequenos e médios capitalizá-los e fazer com que voltem a emprestar.
No ano passado o BC já havia liberado recursos do compulsório para os grandes bancos comprarem as carteiras de crédito dos pequenos e médios que passavam por sérias dificuldades. A asfixia das linhas internacionais de crédito deixou as instituições de pequeno e médio porte sem fontes para se financiar.
Agora o governo pode até capitalizá-los para facilitar uma eventual venda para fundos estrangeiros. Essas instituições que respondiam em setembro por quase 20% do crédito da economia foram as mais afetadas pela crise. Essa injeção de capital fortaleceria os bancos pequenos e médios facilitaria a consolidação entre eles e poderia aumentar sua capacidade de conceder crédito diz Rodolfo Riechert diretor do UBS Pactual.
Os bancos pequenos estão com o pé atrás para emprestar porque temem o risco de liquidez e o risco de crédito diz o analista de instituições financeiras da Austin Rating Luís Miguel Santacreu. No caso da liquidez o temor é o descasamento de prazos entre os empréstimos e o capital ao qual têm acesso. O risco de crédito diz respeito à possibilidade cada vez maior de calote que cresce com a economia em desaceleração.
Segundo Santacreu isso tem prejudicado especialmente pequenas e médias empresas principais clientes dos bancos menores. O governo quer atuar justamente nessa cadeia. O objetivo é evitar que elas quebrem por falta de crédito. Autoridades acreditam que quando esse canal estiver desentupido contribuirá para a redução das taxas de juros e do spread.
O spread bancário disparou com a crise. Saiu de 376 pontos porcentuais em agosto para 436 pontos em janeiro. As taxas de juros nos empréstimos para pessoas físicas também saltaram de 521% para 551%.
Nas contas do sócio da Integral Trust Roberto Troster a situação é mais grave. O ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) fez um cálculo que considera os juros e o spread apenas das novas concessões de crédito depois da crise.
Segundo Troster o spread médio dos empréstimos para pessoa física foi de 11185 pontos porcentuais em janeiro. Em agosto era de 1012 pontos. No caso dos juros o estudo aponta para 12335% ao ano em janeiro (ante 1157% em agosto). Esses dados revelam qual é o custo do dinheiro novo que entra na economia explica Troster.
Fonte: O Estado de S.Paulo