‘Os juros bancários médios dos empréstimos para pessoas físicas subiram pelo quarto mês seguido em abril deste ano e somaram 42% ao ano o maior nível em quase três anos. Em agosto de 2011 eles somaram 423% ao ano. Os números que tratam das operações com recursos livres (quando os juros são livremente acertados) foram divulgados nesta quinta-feira (29) pelo Banco Central (BC).
Em março os juros estavam em 416% ao ano. Na parcial de 2014 os juros bancários de pessoas físicas com recursos livres avançaram quatro pontos percentuais.
O aumento desses juros acontece após o próprio Banco Central ter iniciado em abril do ano passado um ciclo de alta da taxa básica de juros da economia (a Selic) para tentar conter o crescimento da inflação. Com o aumento da taxa e o encarecimento dos empréstimos a instituição consegue reduzir o número de pessoas e empresas dispostas a consumir. Assim o preço dos produtos e serviços tende a cair ou ficar estável.
Desde o ano passado os juros básicos passaram de 725% para 11% ao ano o que corresponde a uma elevação de 375 pontos percentuais. O processo de alta dos juros foi interrompido apenas nesta quarta-feira (28).
Juros sobem mais do que Selic
Com o aumento dos juros básicos do país também houve alta na taxa de captação das instituições financeiras ou seja no quanto os bancos pagam pelos recursos que serão emprestados às pessoas.
Instituições financeiras repassam alta dos custos de captação aos clientes e sobem os juros acima da elevação da Selic
Em abril do ano passado antes do início da alta dos juros básicos fixados pelo BC a taxa de captação para operações com pessoas físicas estava em 9% ao ano passando para 123% ao ano em abril. Um crescimento de 33 pontos percentuais.
No mesmo período os juros bancários das instituições financeiras para pessoas físicas cresceram 76 pontos percentuais visto que estavam em 344% ao ano em abril de 2013 ou seja mais do que o dobro da taxa Selic.
Deste modo os dados do BC mostram que as instituições financeiras não só estão repassando a alta do custo de captação que tiveram por conta da elevação dos juros básicos da economia como também estão elevando os juros cobrados de seus clientes acima da alta da Selic.
'Spread bancário'
O aumento dos juros bancários com intensidade maior do que o a alta da taxa básica gerou o aumento do chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram dos clientes) mesmo em um cenário de queda da inadimplência. Mais pessoas pagam as contas em dia mas os bancos mantêm a perspectiva sobre os riscos dos empréstimos – e cobram caro por eles.
O spread é composto pelo lucro dos bancos pela taxa de inadimplência por custos administrativos pelos depósitos compulsórios e pelos tributos cobrados pelo governo federal entre outros.
Em abril do ano passado antes do início do processo de alta dos juros básicos da economia o spread bancário nas operações com pessoas físicas estava em 254 pontos percentuais. Em abril deste ano já estava em 297 pontos percentuais.
O alto nível dessa diferença entre taxas no Brasil já foi duramente criticado no passado pela presidente da República Dilma Rousseff e por integrantes da equipe econômica como o ministro da Fazenda Guido Mantega.
Taxa média de empresas e geral
No caso das operações dos bancos com as empresas ainda com base nos chamados recursos livres a taxa média somou 229% ao ano em abril – com alta de 02 ponto percentual frente ao patamar de março (231% ao ano). Em 2014 porém a taxa avançou 15 ponto percentual.
Já a taxa média geral de todas as operações com recursos livres (pessoas físicas e empresas) ficou estável em 317% ao ano em abril. Com isso os juros seguem no maior valor desde março de 2012 (318% ao ano). No acumulado de 2014 a taxa média de juros bancários avançou 27 pontos percentuais.
Fonte: G1′