Os participantes da previdência privada que acham que ter um PGBL ou VGBL já lhes garante aquele futuro sorridente das campanhas devem pensar duas vezes. A rentabilidade entre os planos – que no ano passado captaram mais de R$ 13 bilhões -varia bastante. Mas os mais antigos que em sua maioria investem só em renda fixa e têm custos maiores tiveram forte queda nos ganhos. Na média geral segundo o site Fortuna os planos puros de renda fixa renderam 1139% no ano passado ou o equivalente a 96% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI referência para a renda fixa). No entanto os planos maiores e mais antigos apresentaram rentabilidade bastante abaixo dessa média por conta de custos como elevadas taxas de administração de 4% 5% ao ano. Alguns chegam até a perder da caderneta de poupança dependendo da alíquota de imposto considerada no cálculo.
O Fortuna dividiu os 83 maiores planos de previdência em quatro quadrantes segundo sua rentabilidade. Os planos com ganho de até 962% (puros de renda fixa com taxas altas) saíram de patrimônio de R$ 347 bilhões no começo do ano para R$ 373 bilhões no apagar das luzes de 2007. No entanto descontada a rentabilidade os planos diminuíram com resgates líquidos de R$ 388 milhões. Mas nos fundos de renda fixa com taxas baixas e multimercados conservadores que renderam entre 962% e 1182% no ano houve captação líquida de R$ 19 bilhão. Na categoria com ações que rendeu entre 1182% e 1405% o volume de depósitos superou o de saques em R$ 17 bilhão.
Mas foi para a categoria mais agressiva que rendeu acima de 1405% no ano passado que grande parte dos aplicadores tomou rumo com R$ 83 bilhões captados mais da metade dos R$ 13 bilhões aplicados pelo setor. No ano passado houve uma clara mudança cultural o brasileiro está aprendendo a investir em previdência e olhar a rentabilidade diz Alessandra Cardoso consultora sênior da Towers Perrin. Além de só investir as pessoas começaram a cobrar produtos melhores e a migrar para eles.
Os planos de previdência no Brasil sempre cobraram taxas de administração elevadas (de até 5% ao ano) mas o alto rendimento oferecido pela renda fixa até há alguns anos mascarava esses custos explica Alessandra. Com o encolhimento do CDI de 19% em 2005 para 118% no ano passado 1 ponto percentual de taxa de administração ganhou mais peso. Mas também tivemos mudanças estruturais que facilitaram a evolução do setor como a maior facilidade para migrar entre os planos completa ela.
Em paralelo à maior preocupação com a rentabilidade dos planos cresceu também o volume aplicado em PGBL e VGBL. Segundo dados do Fortuna a captação de 2007 é recorde R$ 2 bilhões acima dos R$ 11 bilhões de 2006. O volume de reservas técnicas (a soma de todo o valor em patrimônio dos planos) do setor supera R$ 120 bilhões.
No ano passado as seguradoras também não permaneceram paradas ao ver essa situação complicada para os planos antigos. Lançaram produtos mais sofisticados sem taxa de carregamento e com custos de administração menores e principalmente mais agressivos. O patrimônio dos nossos planos com renda variável incluindo o rendimento cresceu 160% em 2007 enquanto os de renda fixa subiu 40% diz Marcio Barbosa Matos superintendente de investimentos da Brasilprev empresa de previdência privada aberta do Banco do Brasil.
Para 2008 a expectativa do mercado é de continuidade dessa sofisticação do setor de previdência aberta e dependendo do desempenho das ações continuidade também desse ganho de espaço dos planos mais agressivos. Normalmente as novidades do setor aberto são precedidas de mudanças regulatórias nos fundos de pensão diz Alessandra da Towers. Por isso é possível esperar por exemplo uma maior flexibilidade para os planos abertos investirem em derivativos e em títulos de crédito privado mas ainda não seria esperada a queda do limite de 49% para aplicações em bolsa.
Fonte: Valor Econômico