Estudo divulgado ontem pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) com base nas medidas anunciadas por 32 países contra a crise concluiu que o montante destinado a pacotes de estímulo chega a US$ 119 trilhão mas que apenas 18% do total foi investido em ações de proteção social.
De acordo com o relatório da OIT o Brasil é o país do G20 que gastou menos em medidas de estímulo -apenas o equivalente a 02% do PIB.
O ranking que se baseia no gasto proporcional ao tamanho da economia de cada país é liderado pela China com 13% do PIB. Em seguida vêm Arábia Saudita (113%) Malásia (79%) EUA (56%) México (47%) e Argentina (39%).
Somando os pacotes o estímulo equivale a 17% dos PIBs combinados abaixo dos 2% recomendados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Segundo um dos autores do estudo Raymond Torres o volume de recursos claramente não está dando conta do desafio que enfrenta.
O diretor-geral da OIT Juan Somavía observou que os planos econômicos anunciados até agora têm foco excessivo no resgate financeiro mas carece de investimento social.
O relatório estima que a crise poderá gerar mais 38 milhões de desempregados no mundo.
Há uma necessidade urgente de priorizar o tema do emprego disse.
Somavía disse à Folha que além de desemprego a crise vai achatar os salários.
De acordo com a OIT somente 92% dos pacotes foram destinados ao mercado de trabalho. Não estamos criticando os esforços para salvar os bancos disse Somavía reconhecendo que o mercado de trabalho depende de um sistema financeiro que funcione.
Seguro-desemprego
O levantamento da OIT mostra que o Brasil é um dos países em que os desempregados têm menos proteção social. Segundo o estudo 93% dos que perdem o trabalho não recebem o seguro-desemprego. A China vem logo depois com 84% e o Japão com 77%.
Na cúpula do G20 no começo de abril em Londres a OIT proporá um pacto mundial para o emprego. Uma das prioridades é a coordenação dos pacotes de estímulo.
Segundo Torres se essa coordenação levar até três meses o mercado de empregos poderá ser retomado em 2010. Se for adiada por seis meses a recuperação virá apenas em 2011 na melhor das hipóteses.