Cobrindo as pontas dos dedos com esparadrapo e vestindo uma máscara de esqui e um casaco de material reflexivo para borrar sua imagem captada pelas câmeras de segurança o empreiteiro teria roubado 80 mil (US$ 115 mil) de quatro bancos antes de ser apanhado em fevereiro ao tentar o quinto assalto na região de Barcelona.

Metade da quantia veio do primeiro roubo e foi usada para pagar os funcionários segundo ele relatou à polícia. Atualmente na prisão aguardando julgamento o empreiteiro da cidade de Lleida a 150 quilômetros de Barcelona é parte de um grupo que nunca esteve tão ocupado nesse país duramente atingido pela recessão: os ladrões de banco.

De fato com o desemprego se aproximando dos 20% o mais alto da Europa e a previsão econômica de uma contração anual de 42% os assaltos a banco em 2009 aumentaram 20% em relação a 2007 de acordo com a Associação Bancária Espanhola.

“Nos últimos meses tornou-se aparente que a Espanha está sofrendo um aumento no número de assaltos a banco“ disse Francisco Pérez Abellán chefe do departamento de criminologia da Universidade de Camilo José Cela em Madri. “Vemos pessoas cometendo crimes por necessidade réus primários que não conseguem mais manter o padrão de vida e se voltam para a criminalidade.“

Na região de Barcelona apenas 7% dos assaltantes de bancos eram réus primários em 2008 de acordo com José Luis Trapero investigador-chefe do esquadrão de polícia local. Até agora essa proporção já subiu para 20% neste ano.

Controvérsia

Mas para Eduardo Zamora diretor de segurança do Banco Sabadell o quarto maior da Espanha desde que o número de assaltos não ultrapasse os 500 por ano “podemos considerar esse tipo de crime estável e controlado“. Foram 165 assaltos a banco de janeiro a abril de 2009 ainda segundo a Associação Bancária Espanhola.

Apesar de os gerentes dos bancos afirmarem que não existe relação comprovada entre o declínio econômico e o aumento nos assaltos muitos espanhóis acreditam que há mais do que coincidência nos números – opinião partilhada pelo sindicato dos bancários.

Recentemente o sindicato convenceu o governo espanhol a classificar o assalto a banco como risco profissional. “Há desemprego há fome e há dinheiro nos bancos e os três fatores se combinam“ disse José Manuel Murcia diretor de segurança no trabalho para o setor financeiro de um dos maiores sindicatos da Espanha o CC.OO (Confederación Sindical de Comisiones Obreras).

“Os bancos não estão emprestando e por isso as empresas enfrentam problemas o que aumenta o desemprego.“ E acrescentou: “As pessoas não conseguem pagar suas hipotecas. Assim faz mais sentido assaltar um banco do que uma farmácia“.

Além disso alega que seus funcionários são expostos a um risco cada vez maior por causa da crescente automação e proliferação de agências com apenas um ou dois funcionários equipadas com trancas-relógio que exigem uma espera de 30 minutos antes de serem abertas.
De fato Ausencio C. G. procurava bancos com um único funcionário na maioria das vezes do sexo feminino e observava cuidadosamente os movimentos da vítima e os arredores do banco antes de atacar.

Apesar de o típico assaltante de bancos ser espanhol do sexo masculino e acima dos 35 anos agindo sozinho e procurando alvos não muito longe de onde mora de acordo com Pérez Abellán o professor de criminologia de Madri surge uma nova geração de bandidos.

São os criminosos que estão entre os milhões de trabalhadores pouco qualificados que vieram da América Latina Leste Europeu e outros antes de o prolongado boom espanhol da construção civil quebrar. “Surgiu uma espécie de mercado comum formado por pessoas de diferentes países que trazem novas habilidades criminais projetadas para aumentar a violência e a velocidade dos assaltos a banco“ disse Pérez Abellán.

Por exemplo uma equipe de quatro pintores latino-americanos passou a assaltar bancos a partir de março sequestrando um gerente de banco e sua família perto de Barcelona e mantendo-os em seu poder durante a noite antes de obrigar o gerente a abrir o cofre e entregar mais de 150 mil o equivalente a quase US$ 215 mil.

A gangue de pintores foi presa no mês passado ainda vestidos com seus uniformes e carregando um balde de tinta junto com uma escopeta cartuchos e pistolas no banco de trás do seu carro enquanto tentavam realizar mais um assalto.

Fonte: O Estado de S.Paulo / CONTEC

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