A evolução da crise estrutural do capitalismo deverá prejudicar as campanhas salariais dos trabalhadores que têm data base no início deste ano o que vai criar um alto grau de dificuldade para o movimento sindical negociar acordos que incluem reajustes correspondentes à variação da inflação e mais aumento real.

Alguns sindicatos garantem que vão lutar para arrancar o total da inflação do período e o ganho real de salário. Outras entidades acreditam que o fundamental neste momento de crise é centrar fogo na garantia de emprego e na manutenção das conquistas sociais.

Lucros fabulosos

O cenário ainda é muito nebuloso pois as negociações na base da Força Sindical ainda não começaram. O certo é que espera-se grandes embates entre capital e trabalho por ser do conhecimento dos trabalhadores que as empresas lucraram como nunca durante quase todo o ano de 2008.

“Os lucros foram fabulosos” destaca o secretário-geral da Força João Carlos Gonçalves o Juruna ao admitir que alguns empresários vão tentar aproveitar a crise para manter ou aumentar suas margens de lucros.

Radicalização

A sugestão neste caso é radicalizar. “E aonde for possível devemos fazer paralisações relâmpagos greves e manifestações para exigir salário e manutenção de direitos” afirma o secretário geral. Para ele os setores ou empresas que comprovarem dificuldades financeiras terão de negociar saídas com os sindicatos de trabalhadores.

Com data base em março os 300 mil frentistas do país vão lutar por reposição mais aumento real porque os postos de combustíveis tiveram um bom ano. “Temos dados que mostram que os patrões ganharam muito” garante Antônio Porcino presidente da federação da categoria em São Paulo.

Lutar por conquistas

”Se for preciso faremos greve por aumento real e reposição” declara o tesoureiro da Federação da Alimentação do Estado de São Paulo Ovídio Garcia Fernandes que vai negociar a convenção coletiva dos empregados do setor de bebidas quentes e refrigerantes que têm data base em março. “Não vamos aceitar redução da jornada para rebaixar salário” completa.

Em Minas Gerais a instância estadual da Central está orientando os sindicatos a exigir dos patrões a garantia de emprego informou o presidente da entidade Rogério Fernandes. “Outra alternativa é repor o INPC em duas parcelas” diz ele. Em fevereiro 70 mil empregados da área da saúde vão negociar para fechar a data base.

Antecipação

Peculiar é a situação dos trabalhadores da construção civil da alimentação da indústria extrativa e dos metalúrgicos de Rondônia. O presidente estadual da Força Antônio Amaral disse que negociou com os patrões em 2008 um acordo de antecipação de maio (data base) para fevereiro dos reajustes para os pisos destas categorias.

Assim os pisos vão ter aumento entre 722% e 12%. “Na data base em maio vamos negociar o ganho real e a reposição” garante.

Falta de mão-de-obra

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo Antônio de Sousa Ramalho a economia estará melhor em maio quando os 275 mil empregados do setor vão fechar a campanha salarial e será possível negociar um bom reajuste de salário.

Segundo Ramalho com a previsão de investimentos governamentais de R$ 130 bilhões para a área habitacional o setor vai reaquecer e voltará enfrentar um grave problema: “Vai faltar de novo mão-de-obra especializada este ano” revela o sindicalista.

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