O Banco do Brasil deverá avançar mais rápido no crédito consignado e ampliar a sua base de clientes de cartão de crédito com a incorporação de dois bancos estaduais de Santa Catarina e do Piauí. Mas também terá que equacionar alguns problemas como agências deficitárias ou localizadas próximo de seus próprios pontos de atendimento.
O presidente do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) Eurides Mescolotto diz que cerca de 15 agências do banco que dirige não são rentáveis num universo de 447 pontos de atendimento. Em geral são agências pioneiras ou seja as únicas existentes em alguns municípios. O banco não olha apenas a rentabilidade afirma Mescolotto. Sem essas agências circularia menos dinheiro nas comunidades porque os aposentados teriam que ir a outros municípios para sacar os seus benefícios.
Oficialmente o BB não se pronuncia sobre sua estratégia para os bancos estaduais afirmando que ainda não tomou conhecimento dos detalhes de cada banco. De forma reservada porém fontes do BB afirmam que esperam tornar lucrativas um bom número de agências deficitárias. O compromisso de manter o atendimento bancário na visão do BB não impede que algumas unidades sejam redimensionadas com redução do número de funcionários e mudança para prédios mais baratos.
O acordo para a incorporação também prevê a manutenção da marca Besc por no mínimo cinco anos. Como regra bancos privados não mantiveram as marcas dos bancos arrematados nos leilões de privatização. Uma exceção é o Banespa adquirido pelo Santander que não tinha então uma marca consolidada dentro do país. O BB não vê a manutenção da marca Besc necessariamente como um encargo – a avaliação é que o banco tem tradição no Estado e agrega valor à marca do BB.
Um dos ganhos com a incorporação do Besc para o BB é levar também o Bescri a empresa especializada em crédito imobiliário. O BB está pedindo ao Conselho Monetário Nacional (CMN) permissão para operar dentro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) que tornaria possível captar em caderneta de poupança urbana e operar com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O sinal verde do CMN está levando mais tempo que o esperado mas a incorporação do Bescri não é vista necessariamente como uma solução. Primeiro porque a incorporação deve ser concluída só no segundo semestre e o BB pretende entrar no SBPE bem antes do que isso. Segundo porque juridicamente não é certo que a autorização para operar no SBPE concedida à Bescri possa ser repassada ao BB. De qualquer forma o BB vê com interesse a forte captação do Besc em caderneta de poupança que chegou a R$ 205 bilhão em 2007 e pode ser usada como uma fonte a mais para o crédito imobiliário. Outro ponto forte do Besc é uma carteira de R$ 340 milhões em crédito consignado ao funcionalismo.
Já o Banco do Estado do Piauí (BEP) tem uma rede bem mais enxuta com sete agências e nove postos de atendimento bancário o que facilita em muito a incorporação. O BB já é o banco mais importante no Estado com 58 agências. Não existe acordo firmado para preservar a marca nem os pontos de atendimento. O principal nicho de atuação do banco são os empréstimos consignados com uma carteira de R$ 120 milhões. As carteiras de câmbio desenvolvimento econômico e crédito imobiliário estão inativas.
Fonte: Valor Econômico