Se comparada com os seis primeiros meses do ano passado a receita de impostos e tributos federais cresceu 1043% já descontada a inflação. O brasileiro pagou por dia neste ano R$ 1820 bilhão em impostos.
O secretário da Receita Jorge Rachid disse que o crescimento econômico e as ações administrativas e judiciais contra a sonegação foram os principais responsáveis pela arrecadação de R$ 3332 bilhões no semestre. Em junho o governo arrecadou R$ 557 bilhões 7% a mais que no mesmo mês de 2007 descontada a inflação.
A arrecadação com o Imposto de Renda cresceu 17% no semestre para R$ 97 bilhões. Só as pessoas físicas pagaram R$ 83 bilhões 12% a mais que no mesmo período de 2007.
O aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) no início do ano para compensar o fim da CPMF também contribuiu para o aumento das receitas. A arrecadação com o IOF cresceu 151% somando R$ 98 bilhões.
A previsão do governo ao elevar o IOF era aumentar a arrecadação com o imposto em R$ 8 bilhões. Na primeira metade do ano o objetivo já ficou próximo com a receita do imposto R$ 59 bilhões maior que o apurado no mesmo período do ano passado. Rachid disse que a alta do crédito de 324% para pessoas físicas e de 421% para empresas surpreendeu o governo. Os dados divulgados são do Banco Central mas ainda não foram divulgados oficialmente pelo órgão.
Em janeiro não se apontava aumento do crédito nessa magnitude disse Rachid. Carlos Thadeu de Freitas ex-diretor do BC avalia que o governo elevou as alíquotas não só para garantir a arrecadação mais alta mas também para tentar conter o consumo tarefa segundo ele malsucedida.
A arrecadação com a CSLL cresceu 295% no semestre para R$ 229 bilhões. A maior lucratividade das empresas contribuiu para o resultado. O aumento da alíquota para o setor financeiro de 9% para 15% só começou a vigorar em maio com recolhimento em junho.
Puxado pelo consumo maior e pelo câmbio o crescimento das importações elevou em 276% a arrecadação do Imposto sobre Importação para R$ 75 bilhões. Já a arrecadação com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cresceu 158% para R$ 186 bilhões.
Marco Aurélio Garcia professor de Economia do Ibmec-RJ lembra que o governo poderá usar o excesso de arrecadação para aumentar o superávit primário (saldo antes do pagamento dos juros da dívida) e reduzir o endividamento ou para elevar os gastos. Ele lamenta que a segunda hipótese seja a mais provável.
Nos cinco primeiros meses deste ano as maiores despesas do governo foram com pagamentos de benefícios da Previdência Social (R$ 758 bilhões) salários e encargos sociais dos servidores públicos (R$ 495 bilhões) e pagamento dos juros da dívida (R$ 455 bilhões).
Fonte: Folha de S.Paulo