Em junho o custo médio pago pelas famílias para tomar dinheiro emprestado subiu e atingiu o maior patamar desde março de 2007: 491% ao ano. Com isso o ritmo de crescimento dos empréstimos para as pessoas físicas foi o menor do ano resultado oposto ao das empresas que continuaram se endividando e pagando juros mais baixos segundo dados divulgados ontem pelo BC.

O encarecimento do crédito ocorreu exclusivamente nas operações para as pessoas físicas cuja taxa média de juro aumentou 17 ponto porcentual na comparação com maio. No semestre a alta acumulada é de 52 pontos. A alternativa mais fácil de endividamento das famílias – o uso do cheque especial – se tornou a mais onerosa com o aumento de 2 pontos porcentuais. O juro da modalidade passou para 1591% ao ano o maior patamar desde agosto de 2003 primeiro ano do governo Lula.

O crédito pessoal também encareceu e a taxa aumentou 3 pontos para 514%. Até mesmo o juro do crédito consignado aquele com desconto em folha de pagamento e considerado uma das opções mais baratas do mercado subiu 02 ponto para 277%. O financiamento de veículos aumentou 05 ponto para 311%.

O chefe do Departamento Econômico do BC Altamir Lopes explica que o encarecimento do crédito para as famílias é decorrente de dois fatores: elevação da Selic e aumento da margem dos bancos no crédito. Em abril o Comitê de Política Monetária (Copom) começou a subir os juros como reação ao aumento de preços na economia. Desde então a taxa já subiu 125 ponto porcentual para 13% ao ano.

Altamir diz que o juro também sobe influenciado pelo aumento do spread bancário – que é a margem do banco no crédito calculada pela diferença entre o juro de captação e empréstimo. Nesse caso ele diz que tem ocorrido mudança no perfil das modalidades de crédito com mais gente tomando recursos em operações caras. Também há influência de decisões passadas como a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a criação de depósito compulsório para depósitos de empresas de leasing.

EMPRESAS

Nos empréstimos para as empresas a lógica do mercado tem sido completamente diferente. Em junho o juro médio caiu de 269% para 266%. A notícia é bem recebida pelo BC já que empresas podem aumentar a capacidade de produção com crédito e isso pode diminuir a pressão inflacionária. Esses grandes clientes têm perfil de risco muito baixo o que permite ao banco reduzir a margem de lucro.

Fonte: Estado de S.Paulo

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