‘Na semana passada as ações do Citi caíram 60% fechando sexta-feira a US$ 377. Seu valor de mercado caiu a US$ 257 bilhões inferior ao do Itaú com o Unibanco (US$ 331 bilhões) e igual ao Bradesco (US$ 253 bilhões).
Para os analistas um dos ativos passíveis de venda é o Citi no Brasil – apesar de qualquer plano nesse sentido ter sido negado pessoalmente pelo presidente mundial do banco Vikram Pandit em visita ao país na semana passada.
A fila de interessados em potencial seria grande depois que a fusão do Itaú com o Unibanco anunciada no início do mês deu novo impulso à consolidação do mercado brasileiro. Juntos o Itaú segundo maior banco privado e o Unibanco quarto maior formaram o maior do mercado com R$ 57512 bilhões em ativos totais desbancando os antigos líderes Banco do Brasil (BB) e Bradesco.
Dezoito dias depois sexta-feira passada o BB deu o troco ao anunciar a compra da Nossa Caixa o que levará seu ativo total a R$ 5124 bilhões reduzindo a diferença em relação ao novo líder.
Nessa escalada o Bradesco acabou ficando para trás. O professor do Ibmec/SP Domingos Pandeló disse que o Bradesco não deveria se preocupar com isso: Ser o maior não faz diferença. A questão é ser o mais eficiente. Além disso lembrou com ativos ao redor de R$ 40 bilhões em junho o Citi não faria diferença na corrida pela liderança uma vez que o Bradesco tinha ao final de setembro R$ 422706 bilhões em ativos.
Mas reconhece que o Bradesco deve ter tido o orgulho atingido ao perder o primeiro lugar entre os bancos privados e pode se mover por esse motivo. Se essa operação se confirmar considera que um dos atrativos do Citi seria a carteira de clientes de alta renda que devem ser tratados com cuidado para não serem perdidos. Qualquer fusão é traumática e a integração é complicada afirmou.
A equipe de análise do Banif também considera atraentes as operações de financiamento ao consumo e o estoque de depósitos do Citi no Brasil resta saber se a operação foi enfraquecida pela crise disse um deles.
O analista financeiro do Inepad Jordão Resende não descarta que até mesmo o Banco do Brasil se interesse pelas operações do Citi no Brasil. O banco está autorizado a fazer mais aquisições disse.
Em um primeiro momento os investidores não ficaram satisfeitos com a compra da Nossa Caixa pelo BB como mostrou a reação do mercado sexta-feira. Em um dia em que o índice Bovespa caiu 645% as ações ordinárias do BB despencaram 1434% a R$ 1141; e as ordinárias da Nossa Caixa saltaram 2281% para R$ 63.
Segundo o analista da corretora ágora Aloisio Lemos o mercado achou que o BB pagou preço elevado pela Nossa Caixa R$ 7063 por ação 24 vezes o valor patrimonial de R$ 2974 em setembro e acima da cotação de mercado de R$ 5130 do dia anterior ao anúncio quarta-feira. Segundo Lemos o preço de mercado da Nossa Caixa não deve chegar ao pago pelo BB já que o mercado não sabe quando o negócio será concretizado.
Relatório elaborado pelo analista Mario Pierry e Tito Labarta do Deutsche Bank afirma que o preço pago foi alto qualquer que seja a medida. O múltiplo de 24 vezes o valor patrimonial ou de 44 vezes o valor contábil tangível (excluindo ativos diferidos com a aquisição da folha de pagamentos do governo de São Paulo) é muito elevado. O relatório relaciona nada menos que cinco motivos: a Nossa Caixa deve gerar um retorno sobre o patrimônio de 9% em 2009; o BB é negociado 12 vezes o valor patrimonial; o Itaú está pagando duas vezes o valor patrimonial do Unibanco; os bancos brasileiros são negociados em média por 18 vez o valor patrimonial; e o preço é equivalente a 25 vezes o retorno por ação esperado para 2009.
A equipe de análise do Banif acrescentou que como a compra foi paga em dinheiro e não em ações como alguns esperavam o desembolso significará menos dividendos.
Fonte: Valor Econômico
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