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Para fazer análise das peças publicitárias professores alunos e recém-formados do Departamento de Nutrição gravaram durante 52 semanas 20 horas diárias da programação de canais televisivos abertos e fechados. Também foram arquivados nesse período revistas voltadas tanto para o público adulto em geral feminino e infantil. Os resultados constados pelos pesquisadores assustam. 72% do total das peças publicitárias de alimentos veiculam mensagens para o consumo de alimentos com altos teores de gorduras açúcares e sal.
Este valor é alcançado com a publicidade de apenas cinco categorias de alimentos: na ordem os campeões são fast food; guloseimas (balas chicletes) e sorvetes; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos de pacote e biscoitos (doces e recheados) e bolo. Isso contribui para o aumento crescente e assustador da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis como obesidade hipertensão e diabetes declara a professora Elisabetta Recine uma das coordenadoras da pesquisa. E subsidia a discussão sobre a urgência de se regulamentar a publicidade de alimentos..
Público infantil
Nos canais de TV a cabo destinados preferencialmente ao público infantil a pesquisa chegou a verificar que 50% das peças publicitárias nessas redes são de alimentos. Isso mostra nitidamente o direcionamento da publicidade para esse público no sentido de estimular consumo e formar hábitos alimentares não saudáveis analisa a professora. Reunindo canais abertos e fechados 44% do total desse tipo de propaganda é direcionada às crianças. O dado é incontestável porque praticamente metade da publicidade de alimentos na mídia televisiva e dirigida ao público infantil. Por isso identificamos atualmente casos de obesidade hipertensão e colesterol alto em crianças e com prevalência cada vez mais altas avalia.
Quando se trata da análise do conteúdo publicitário destinado à criança é alta a ocorrência de peças publicitárias com promoções de estímulo à compra como por exemplo a inclusão de bonecos e figurinhas nas embalagens. Em torno de 20% das propagandas contêm algum tipo de promoção afirma Elisabetta.
Mídia impressa
A realidade da publicidade alimentícia em revistas não é diferente. Cerca de 15% do total de peças nesses veículos relacionam-se a produtos alimentícios. Em revistas infantis como as de história em quadrinhos esse número é um pouco maior fica em torno de 18%.
Esses são apenas alguns dos dados preliminares da pesquisa que tem a intenção de entrar a fundo no mundo publicitário para desvendar elementos persuasivos não tão perceptíveis à primeira vista. Vamos analisar o tipo de mensagem que é enviada a cada público os recursos para chamar a atenção os valores estimulados explica Elisabetta. A meta é entrar nessas estruturas para detalhar quais são os mecanismos utilizados para conquistar o consumidor afirma.
Financiada pelo Ministério da Saúde/CNPq a pesquisa tem o objetivo de contribuir para a discussão sobre a regulamentação da publicidade de alimentos e apontar estratégias para produção de uma futura regulamentação. Muitos países controlam e até mesmo proibiram a publicidade de alimentos na TV. Há outros que controlam essas propagandas em determinados horários como o de programação infantil afirma a pesquisadora.
Quadro
20% da programação das TVs são ocupadas por publicidade. Desse total 10% é sobre alimentos;
Foram analisados quatro canais de TV sendo dois abertos e dois fechados; Nos canais fechados 50% da publicidade é voltada para o público infantil;
A gravação foi feita durante 20 horas durante sete dias de 52 semanas (entre agosto de 2006 e agosto de 2007) totalizando 4.160 horas de material coletado;
Neste mesmo período foram analisadas 18 revistas sendo 3 destinadas ao público adulto 8 para o feminino duas para adolescentes e seis para crianças;
Cinco categorias de produtos (fast food; guloseimas e sorvetes; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos de pacote e biscoitos e bolo) são responsáveis por 72% das propagandas de alimentos;
Reunindo canais abertos e fechados 44% do total de propagandas de alimentos é direcionado às crianças;
Na mídia impressa cerca de 15% do total de peças publicitárias são de alimentos;
Em revistas infantis esse número é um pouco maior fica em torno de 18%;
Integram a equipe de coordenação da pesquisa Elisabetta Recine Janine Coutinho e Renata Monteiro do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília.
Fonte: Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição-UNB
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