A corrente que luta para reverter a demissão em massa na Embraer ganhou mais um reforço. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) desembarca hoje em São José dos Campos para tentar convencer os executivos da fabricante de aviões a reverter as 4.270 demissões. Mesmo com os bons resultados obtidos ao longo dos últimos anos a empresa demitiu sem negociação. Esse fato preocupa porque a Embraer é importante para a economia nacional para a região de São José dos Campos e todo o Vale do Paraíba disse o senador.
Até o presidente Lula já havia telefonado para a empresa pedindo que se busquem alternativas para não pôr os trabalhadores no olho da rua. Em vão. A empresa tem se mostrado irredutível e pelas contas que os executivos entregaram à Justiça do Trabalho mesmo que os funcionários sejam reintegrados não há trabalho nem dinheiro para pagá-los. O desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva que concedeu liminar cancelando as demissões também se encontrará hoje com executivos da Embraer e com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José. A ideia é costurar um acordo para selar na audiência conciliatória marcada para a próxima sexta-feira dia 13.
Diante do imbróglio criado pelas demissões Lula pediu à equipe econômica que elabore um plano para apresentar à Embraer no intuito de aproveitar o pessoal que está parado. Segundo a decisão da Justiça os 4.270 empregados receberão como se estivessem trabalhando até que saia a decisão definitiva. Como uma espécie de agrado a empresa ofereceu aos demissionários plano de saúde com cobertura para dependentes até um ano depois da data da carta de demissão. O sindicato agradece mas almeja negociar férias coletivas e redução da jornada de trabalho para só depois ocorrerem as dispensas. Todas as montadoras fazem isso. A Embraer que é mais rica está se negando afirma o advogado do sindicato Aristeu Pinto Neto.
Mais cortes
Apesar da liminar que cancela as demissões a Embraer continua distribuindo cartas de demissões. Durante a semana que passou foram dispensados mais 35. Extraoficialmente a empresa diz que não houve nenhum corte além dos que 4.270 que foram anunciados no dia 19 de fevereiro. Acontece que parte desse contingente estava em férias e recebeu a carta ao regressar ao trabalho. Assim como os demais eles receberão todos os benefícios garantidos por lei e determinados pela Justiça.
Para o secretário de Relações no Trabalho de São José José Luís Nunes a demissão em massa na Embraer terá um impacto forte na economia local. Mais da metade dos demissionários mora no município e tem importante contribuição no desenvolvimento econômico. A prefeitura deu isenção de IPTU para os demitidos mas isso não basta. Esses trabalhadores vão deixar de comprar e de se divertir ressalta Nunes.
O presidente da Associação Comercial da cidade Felipe Cury também projeta prejuízos para a economia local. A Embraer é uma empresa importante para o nosso desenvolvimento. Uma demissão nessa escala prejudica o comércio diminuindo as vendas e aumentando a inadimplência ressalta. Com a queda na produção da Embraer Cury prevê que haverá mais dispensas nas empresas que prestam serviços para a fabricante de aviões como as fornecedoras de aeropeças. Só em São José há 40 indústrias que juntas empregam mais de 3 mil profissionais.
A previsão de Cury foi feita na segunda-feira passada e na quinta a empresa Sobraer uma das maiores metalúrgicas de São José e fornecedora da Embraer demitiu 60 trabalhadores do turno da tarde. Eles foram pegos de surpresa e como justificativa a empresa alegou cancelamento de pedidos da Embraer. Procuradas pelo Correio para comentar as demissões nenhuma das duas empresas se manifestou.
Fonte: Correio Braziliense