‘O Brasil tem um sistema bancário incompleto que contribui para a concentração de riqueza e aumento da exclusão social. é o que mostra o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgado por meio do Comunicado número 20 da presidência do instituto apresentado pelo presidente Marcio Pochmann em coletiva à imprensa realizada terça-feira (7) na sede do Ipea em Brasília.
Denominado ‘Transformações na indústria bancária brasileira e o cenário de crise o estudo mostra que o esvaziamento do Estado no mercado financeiro brasileiro em nada beneficiou a inclusão social e a popularização bancária. A redução da quantidade de bancos em operação nos últimos onze anos contribuiu ainda para promover mais desigualdade regional. Nos últimos dez anos houve uma transferência de recursos que serviam de crédito para as regiões Norte Nordeste e Centro-Oeste do Brasil para uma maior concentração na região Sudeste apontou Pochmann.
Segundo o estudo ao contrário dos Estados Unidos que combinou a redução na quantidade de bancos com ampliação do número de agências bancárias o Brasil apresentou diminuição na quantidade tanto de bancos como no número de agências.
Em 2007 por exemplo o país possuía somente 156 instituições bancárias enquanto a Alemanha registrou 2.130 bancos e os Estados Unidos 7.282 bancos. A principal fase de redução da presença dos bancos públicos no Brasil ocorreu entre 1995 e 2001 com uma breve interrupção entre 2001 e 2003 quando voltou novamente a perder importância relativa no total de ativos bancários. Em 2007 o Brasil tinha menos agência por brasileiro do que na década de 80 quando havia para cada agência cerca de 8 mil brasileiros.
A diferença regional indicada no estudo é alarmante quando se pensa em desenvolvimento de médio e longo prazo no país. Nas regiões Norte e Nordeste por exemplo a relação da população por agência chega a ser quase três vezes maior do que nas regiões Sul e Sudeste. Entre 1996 e 2006 as três regiões acumulam uma perda de 414% na participação relativa no total de crédito.
O estudo observa que houve avanço da experiência brasileira de popularização de serviços bancários por intermédio das operações de correspondentes não bancários. No ano de 2008 por exemplo o Brasil registrou a presença de 843 mil correspondentes bancários operados em locais não bancários como padarias postos lotéricos correios farmácias entre outros.
Esses avanços no entanto não são ideais. O Brasil precisa avançar rapidamente do ponto de vista da popularização dos bancos defendeu Pochmann. Ele considera que a constituição de novos bancos bancos comunitários como existem nos Estados Unidos e Alemanha por exemplo ajudaria não apenas a difundir o crédito mas torná-lo mais acessível à população que se encontra fora do sistema bancário.
(*) As informações são do IPEA.’