Especialistas esperam que a Selic encerre 2010 em 1125% ao ano (ante 875% hoje) de acordo com o mais recente boletim Focus do Banco Central (BC) resultado de uma pesquisa com centenas de instituições financeiras e consultorias.

“Os recursos do crédito imobiliário vêm da poupança. Mesmo com a Selic tendo um ajuste não deve haver alteração nas taxas praticadas“ disse o superintendente executivo de crédito imobiliário do Bradesco Claudio Borges. Por lei os bancos são obrigados a direcionar 65% do dinheiro da poupança a empréstimos habitacionais.

Independentemente do novo nível da Selic a caderneta paga ao investidor 05% ao mês mais Taxa Referencial (TR) – calculada a partir da taxa média dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs). A rentabilidade estável da caderneta faz com que o custo dos bancos ao captar o dinheiro para empréstimos imobiliários não suba caso a Selic seja elevada.

O juro do financiamento varia entre 8% e 10% ao ano mais TR. “Parte do cálculo da TR contém a Selic. Se o juro sobe a TR deve subir também mas a parte fixa do financiamento não deve ser alterada“ afirmou o diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil Nilson Martiniano. A TR tem um custo muito baixo para o mutuário. Nos últimos meses tem ficado abaixo de 01% ao mês.

Segundo os bancos não deve ocorrer algo parecido com o visto em outubro de 2008 quando as instituições aumentaram o juro cobrado no empréstimo imobiliário. Em alguns casos a taxa chegou a 12% ao ano mais TR. “Não foi somente a Selic que fez o juro do crédito subir no passado. Foi uma questão de mercado“ lembra o diretor de crédito imobiliário do Santander José Roberto Machado Filho. Na época havia o temor de que a inadimplência subiria.

RECORDE

O início de ano fraco não impediu que 2009 batesse recorde de financiamento em valor e em unidades financiadas. Foram concedidos R$ 34 bilhões em empréstimos com dinheiro da poupança. No total 3027 mil unidades foram financiadas segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário Poupança (Abecip).

O aumento da oferta de crédito se explica em parte pela captação da poupança. Os depósitos bateram recorde – R$ 300 bilhões – em 2009. “No primeiro semestre poderia dizer que inexistiu lançamento de imóveis pois a crise fez com que as construtoras não tomassem mais empréstimos para construir e tentassem vender o estoque existente“ disse o diretor de crédito imobiliário do HSBC Antonio Barbosa.

Segundo especialistas a confiança da pessoa física na economia aumentou agora. “O comprador ficou receoso em assumir dívidas na crise“ disse o diretor de crédito imobiliário do Itaú Unibanco Luiz França. “Em dezembro emprestamos R$ 239 bilhões à pessoa física. Houve uma volta clara ao financiamento de novos e usados.“

A expectativa é de que o crédito avance neste ano. “Esperamos fechar 2010 com R$ 37 bilhões em crédito imobiliário“ disse o gerente-executivo de empréstimos do BB Sérgio Augusto Kurovski que emprestou R$ 600 milhões em 2009. A Caixa Econômica Federal líder do mercado acredita que o crédito alcançará R$ 50 bilhões ante R$ 47 bilhões de 2009.

“O crédito imobiliário ainda representa muito pouco do PIB“ frisa Barbosa do HSBC. Segundo a consultoria Accenture no Brasil esse porcentual é de 21% contra 65% nos EUA e 9% no México.

Fonte: O Estado de S.Paulo / CONTEC

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