‘As medidas econômicas anunciadas pelo governo interino de Michel Temer (PMDB) vistas como positivas por parte de empresas e investidores podem ajudar reduzir a inflação e o desemprego a partir do ano que vem de acordo com especialistas ouvidos pelo UOL. (Fonte: Afonso Ferreira)

Entre as medidas do governo estão uma emenda à Constituição para limitar os gastos públicos e acabar com o Fundo Soberano espécie de poupança criada em 2008 para usar em períodos de crise e o pagamento antecipado de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a União.

Entenda como o pacote de medidas do governo mexe no desemprego no dólar e na inflação.

Desemprego
Ao sinalizar que pretende usar recursos próprios –do pagamento do BNDES e da "poupança" do pré-sal– para pagar parte da dívida pública o governo tenta mudar a expectativa de empresários e investidores para uma visão mais otimista em relação ao país afirma o coordenador do curso de economia do Ibmec-MG Márcio Salvato.

"O montante que será pago não é muito grande mas dizer que está preocupado com o crescimento da dívida pública muda a perspectiva e faz com que o setor produtivo volte a investir" diz. "Com isso o governo tem mais receita e são gerados novos empregos."

Com a retomada nos investimentos das empresas Salvato estima que o desemprego possa começar a cair a partir do próximo ano. "No curto prazo os efeitos serão pequenos. Até os empresários começarem a investir leva-se tempo" afirma.

Para o economista sênior da Tendências Consultoria Silvio Campos Neto o desemprego só deve começar a cair no segundo semestre de 2017. "O mercado de trabalho é o último a reagir seja com a economia em alta ou em baixa" diz. "Até os primeiros meses do ano que vem pode haver uma piora no desemprego."

Inflação
A inflação deve terminar 2016 próxima a 7% –acima do limite máximo estipulado pelo governo que é de 65% ao ano– segundo Campos Neto. Para ele apenas em 2017 a inflação deve voltar para dentro da meta do governo e terminar o ano perto de 52%.

"Este ano ainda há uma pressão muito forte dos aumentos de preços controlados [como luz e gasolina] feitos em 2015. Com o governo segurando gastos a inflação deve desacelerar e retornar aos poucos aos níveis normais" afirma.

Salvato do Ibmec-MG acredita que a inflação possa ficar dentro do limite do governo ainda neste ano. Caso isso aconteça o Banco Central poderia reduzir a taxa básica de juros (Selic). "Com os juros mais baixos os investimentos iriam aumentar o que ajudaria a melhorar a situação econômica" diz.

Dólar
Os dois especialistas afirmaram que a trajetória do dólar está indefinida. Por um lado a melhora da confiança na economia brasileira poderia puxar a moeda norte-americana para baixo.

No entanto a possibilidade de alta dos juros nos Estados Unidos tende a prevalecer e a puxar o dólar para cima. Para Campos Neto a moeda deve terminar o ano valendo R$ 372.

"Quando os juros nos Estados Unidos sobem há uma saída de recursos para lá. Isso acaba sendo mais forte que as medidas anunciadas que ainda precisam ser [algumas delas] aprovadas pelo Congresso" declara.

Fonte: UOL’

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