O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou ontem a dirigentes de centrais sindicais com quem se encontrou no Palácio do Planalto que vai se reunir amanhã com representantes de bancos públicos para pressionar por uma redução de juros e de spreads (diferença entre as taxas de captação e as taxas cobradas nos empréstimos) bancários.
A reclamação dos juros foi uma das palavras de ordem levadas pelos sindicalistas à reunião convocada para discutir a crise e as demissões no setor privado. Os sindicalistas pediram uma postura mais flexível do Banco Central na administração da taxa básica a Selic.
Lula disse que também gostaria que a Selic estivesse mais baixa mas frisou que não pode interferir na autonomia do BC.
Os dirigentes das centrais também pediram ao presidente a ampliação das parcelas do seguro-desemprego hoje limitadas a cinco. Lula remeteu o assunto ao ministro do Trabalho Carlos Lupi que deve apresentar uma proposta na próxima semana. De acordo com um sindicalista Lupi deve propor a combinação do seguro com uma política de requalificação profissional. Hoje o governo tem autorização legal para ampliar o seguro para até sete parcelas. Os sindicatos queriam até 12 parcelas.
Os sindicalistas comemoraram no entanto a garantia dada por Lula de que apesar da crise vai manter a política de aumentos reais do salário mínimo. Com isso o piso deverá aumentar dos atuais R$ 415 para R$ 465 em fevereiro um reajuste de 57% acima da inflação acumulada. Lula informou também aos representantes das centrais que pretende convocar os 50 maiores investidores privados do País para saber dos seus planos de investimentos. O presidente disse que o governo quer saber daqueles que estão suspendendo investimentos quais são os motivos e se estão ligados à crise disse o presidente da CUT Arthur Henrique. Lula quer se reunir também com governadores para discutir a redução do ICMS.
Durante a reunião o presidente disse mais de uma vez que a economia viverá um primeiro trimestre muito delicado. E informou ainda que o governo deve promover um programa de desonerações tributárias seletivas nos setores mais atingidos pela crise. Segundo o presidente da Força Sindical Paulo Pereira da Silva podem ser beneficiados os setores metalomecânico máquinas eletroeletrônico construção civil calçados e têxtil.
Lula ainda acenou com a possibilidade de adotar medidas para incentivar a negociação de carros usados cuja paralisação tem dificultado a venda de veículos novos. Disse ainda que pretende lançar um programa para incentivar a troca de geladeiras e fogões usados por modelos novos e mais econômicos.
O presidente ouviu a reivindicação para que fossem exigidas contrapartidas das empresas beneficiadas por medidas do governo mas não se comprometeu com elas. Ao comentar a crise global Lula disse que o problema é que cada dia surge um dado novo. Afirmou ainda que as medidas adotadas pelos diferentes governos foram na sua maioria voltadas a socorrer os bancos e são ainda tímidas em relação ao necessário. Comentou também que os problemas podem se agravar se o novo presidente americano Barack Obama não tomar medidas para estancar a crise. Além de Lupi participaram da reunião os ministros chefe da Casa Civil Dilma Rousseff do Planejamento Paulo Bernardo da Previdência Social José Pimentel e da Secretaria Geral da Presidência Luiz Dulci.
Fonte: O Estado de S.Paulo