‘Até ontem à noite a equipe econômica ainda avaliava se a cobrança do IR na poupança deveria ser adotada por meio de projeto de lei ou medida provisória (MP). Também estava em discussão se os investimentos em renda fixa seriam taxados com a alíquota de 15% independentemente do prazo ou se haveria alíquotas diferenciadas. A Receita Federal calcula que deixará de arrecadar em torno de R$ 2 bilhões até o fim do ano.
Como o governo cedeu às pressões políticas e recuou da proposta de alterar o rendimento mínimo (além da variação da TR) de 617% da poupança a redução do IR incidente sobre os fundos de investimentos tornou-se necessária para que o ganho dessas aplicações continuem mais atrativos que os rendimentos das cadernetas. Sem isso o BC não conseguirá manter o processo de queda da taxa de juro básica a Selic atualmente de 1025%.
O governo poderia esperar pela próxima reunião do Copom marcada para o dia 9 de junho para anunciar as novas regras. No entanto o nível de irritação com os ataques da oposição reforçou o entendimento de que não é possível ficar a reboque das críticas muito menos deixar a população na dúvida sobre se os ganhos da poupança serão ou não reduzidos pelo governo.
Os ministros da Fazenda Guido Mantega e do Planejamento Paulo Bernardo insistiram mais uma vez que o governo não vai prejudicar o pequeno poupador. O objetivo segundo eles é inibir a migração de recursos dos fundos de investimento para a poupança atraídos pelo melhor ganho.
Bernardo garantiu que o governo não fará alterações nas regras de rentabilidade da caderneta da noite para o dia. A poupança é um instrumento sagrado de proteção da economia popular e não seria o presidente Lula que mudaria isso afirmou o ministro durante audiência pública da Comissão Mista do Orçamento no Congresso.
Ele voltou a criticar o caráter especulativo que a discussão tomou em razão de propagandas dos partidos de oposição e expressou a preocupação de que os grandes bancos privados também direcionem as aplicações para a poupança o que colocaria em risco a rolagem da dívida pública.
Não queremos que o George Soros que já se autointitulou especulador abra uma poupança de US$ 20 milhões no Brasil e diga: agora estou com meu dinheiro protegido no Brasil.
O governo deve criar um dificultador para o especulador que quiser vir para a poupança. O ministro garantiu que não vai prejudicar o poupador de maneira alguma disse o deputado federal e presidente da Força Sindical Paulo Pereira da Silva o Paulinho após reunião ontem com Mantega.
Como a discussão foi contaminada pela pressão política dos partidos de oposição contrários a mudança nas regras das cadernetas o governo recuou da solução técnica – a de vincular o ganho da poupança à variação de por exemplo 65% da taxa Selic. Essa era a proposta de consenso entre os técnicos do ministério da Fazenda e Banco Central. No entanto ela foi rejeitada pelo presidente Lula porque não contemplava a diferenciação entre os pequenos e os grandes poupadores.
A solução paliativa é a redução do Imposto de Renda dos fundos de investimento que pode entrar em vigor imediatamente e não deverá enfrentar resistência dos partidos de oposição. O presidente do DEM deputado Rodrigo Maia já disse que será difícil alguém da oposição ser contra uma proposta que baixe o imposto dessas aplicações tornando-as mais competitivas.
Mas os partidos de oposição estão fechados com a ideia de barrar qualquer medida que prejudique os poupadores. Portanto se com essa medida vier algo que altere as regras das cadernetas não apoiaremos.
Atualmente a tributação dos fundos ocorre da seguinte forma: 225% para aplicações de até seis meses; 20% para aplicações de seis meses a um ano; 175% de um a dois anos; e 15% acima de dois anos.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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