Duas pesquisas revelam que os bancos e as financeiras estão repassando gradualmente a elevação de 075 ponto porcentual da taxa básica de juros a Selic determinada pelo Banco Central (BC) no fim do mês passado.
A taxa média de juros das pessoas físicas atingiu 735% ao mês ou 13422% ao ano em julho segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). Foi o maior nível desde abril de 2007. A taxa média de juros para as pessoas jurídicas alcançou 423% ao mês ou 6440% ao ano em julho o nível mais elevado desde novembro de 2006. Em ambos os casos a variação sobre o mês anterior foi de 002 ponto porcentual.
Os bancos e as financeiras elevaram as taxas no mês passado numa proporção inferior à alta da Selic afirma o vice-presidente da Anefac Miguel Ribeiro de Oliveira.Esse descompasso segundo ele ocorreu porque a reunião do Copom foi no fim do mês passado o que atenuou o impacto do repasse ao consumidor. O efeito da alta da taxa básica de juros deverá ser sentido mais neste mês prevê.
Pesquisa da Fundação Procon de São Paulo confirma essa tendência. A taxa média de juros do empréstimo pessoal pesquisada em dez bancos atingiu 569% este mês ante 567% em julho. No caso do cheque especial a taxa média de juros deste mês também foi superior à de julho: 897% ante 883% ao mês. A diretora de Estudos e Pesquisas da Fundação Procon-SP Valéria Rodrigues destaca que o resultado de agosto é a oitava alta consecutiva da taxa de juros do empréstimo pessoal. No caso do cheque especial trata-se da quinta alta seguida.
Apesar da elevação das taxas os prazos dos financiamentos foram mantidos aponta a pesquisa da Anefac. Segundo Adalberto Savioli presidente da Acrefi entidade que representa 64 financeiras as instituições financeiras já fizeram os ajustes que pretendiam nos prazos de financiamento e não devem ter muita alteração daqui para frente.
é exatamente o prazo ainda longo que atenua o efeito da alta de juros no valor das prestações e dá fôlego para que o crédito cresça. Nas contas de Savioli o saldo da carteira de crédito deve encerrar este ano com crescimento de 20% a 25% na comparação com 2007 impulsionado especialmente pelo financiamento para pessoas físicas apesar de nos últimos meses a carteira de financiamentos para empresas ter apresentado um grande avanço. Em 2007 o crédito cresceu entre 26% e 27% destaca Savioli.
2008 será um ano bom para o crédito mesmo com a alta dos juros afirma o presidente da Acrefi. Ele avalia que os bancos não encurtaram radicalmente os prazos como no passado porque o cenário macroeconômico ainda é positivo. Isto é há perspectivas de continuidade de crescimento do emprego e da renda mesmo com a alta da inflação. Além disso muitas instituições financeiras mudaram a composição de suas carteiras de financiamento e expandiram a sua atuação no crédito com garantias reais como de veículos e financiamentos consignados aqueles com desconto na folha de salários cuja inadimplência é quase nula.
Fonte: Estado de S.Paulo