O Palácio do Planalto identificou que o executivo responsável pela administração de um patrimônio superior a R$ 150 bilhões é o principal responsável pela guerra por poder que engolfou o BB e está contaminando a Fazenda e parte da base aliada do governo. Entre Flores que é ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o presidente da instituição financeira Aldemir Bendine que está na outra ponta da disputa tanto Dilma quanto Mantega optaram por substituir o primeiro. “A irritação com Flores chegou ao limite“ disse ao Correio um importante assessor do Planalto.

Flores e Bendine não se falam há quase um ano. Depois de uma longa convivência — foi Bendine quem apoiou a nomeação de seu desafeto para a vice-presidência de Crédito do BB antes de ele ir para a Previ — os dois resolveram disputar quem é mais influente dentro do governo. O problema é que eles se juntaram a grupos de parlamentares do PT descontentes com a gestão de Dilma espalhando boatos e minando votações no Congresso importantes para o Planalto como o projeto que cria o fundo de previdência dos servidores públicos. O auge do descontentamento se deu em janeiro após o presidente do BB demitir 13 diretores de uma só vez. Até o presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS) reclamou.

Autonomia

A ideia do governo é usar as mudanças na diretoria executiva e no Conselho Deliberativo da Previ previstas para maio próximo para substituir Flores sem causar grande barulho. Está previsto o fim do mandato do presidente do Conselho Robson Rocha que responde pela vice-presidência de Gestão de Pessoas do BB e de dois outros conselheiros. Ligado ao PT Rocha deverá ser reconduzido ao cargo com a missão de promover alterações na gestão executiva do fundo de pensão. Pelo estatuto da Previ o Conselho tem total autonomia para nomear e destituir diretores que tocam o dia a dia da fundação incluindo o presidente executivo Ricardo Flores cujo mandato acaba em 2014.

Quem acompanha as negociações garante que o BB patrocinador da Previ já escolheu os dois futuros conselheiros além de ratificar a recondução de Robson Rocha. No entanto ainda não está fechado o nome do possível substituto de Flores que vem se articulando politicamente para reverter a decisão de Dilma. “Ele tem muitos contatos no PT e no PMDB os dois maiores partidos da base aliada do governo. Portanto tudo pode acontecer a despeito de a presidente Dilma não costumar muito recuar em suas decisões“ disse um outro assessor palaciano.

Pelas regras em vigor o BB tem direito a indicar três representantes para o Conselho Deliberativo e três para a diretoria executiva. Os funcionários do banco dispõem da mesma prerrogativa pois há a chamada paridade. Mas o presidente do Conselho detém maior poder. Cabe a ele o voto de minerva. Como um juiz pode votar duas vezes. Isso ficou claro no início do anos 2000 quando a Previ sofreu a primeira intervenção de sua história por estar envolvida em uma série de irregularidades. A fundação por sinal faz silêncio sobre a crise que envolve seu presidente.

Fonte: Correio Braziliense

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