Apesar de positivo foi o pior resultado em um mês de fevereiro desde 1999 quando foram eliminadas 78 mil vagas. O resultado ainda nem de longe recupera a perda de 797 mil postos formais de trabalho ocorrida entre novembro e janeiro mas deixou Lupi otimista.

Ele disse esperar para março um salto na geração de empregos para 100 mil vagas. Reiterou ainda a previsão de que em todo o ano a economia vai gerar 15 milhão de postos de trabalho. Setores mais cautelosos do governo não ousam fazer estimativas mas veem nos dados de fevereiro o início de uma reversão da tendência de pioria do mercado de trabalho.

O desempenho do mês passado foi puxado principalmente pelo setor de serviços que gerou 57.518 empregos formais. Escolas hotéis e restaurantes foram os segmentos que mais se destacaram incentivados pelo início do período letivo e pelo carnaval. Lupi admitiu que nesses segmentos há um fator sazonal mas avaliou que há um movimento de redução no fechamento de vagas. “Está havendo há dois meses consecutivos uma diminuição no número de demissões e um aumento nas contratações“ afirmou.

Pelos dados do Caged o total de contratações passou de 1216 milhão em janeiro para 1233 milhão em fevereiro. As demissões caíram de 1318 milhão para 1224 milhão.

A administração pública aparece em segundo lugar no ranking de geração de emprego com 14.491 vagas abertas especialmente pela realização de concursos explicou Lupi. Em terceiro lugar aparece a construção civil com 2.842 postos seguida pela agricultura com 957 vagas.

A indústria de transformação continua apresentando dados negativos. Incluindo o segmento automotivo foi o setor que mais fechou vagas em fevereiro com uma redução de 56.456 postos de trabalho.

O comércio também reduziu o nível de emprego com corte de 10.275 vagas. “O que poderia vir de pior na área do emprego já aconteceu“ garantiu Lupi acrescentando que houve recuperação nos principais Estados citando o Rio de Janeiro que teve saldo positivo e São Paulo e Minas Gerais onde houve estabilização. Os três Estados concentram 60% dos postos de trabalho no País.

Carros novos

Em São Paulo o saldo de fevereiro foi de apenas 95 vagas fechadas o que na opinião de Lupi mostra que a situação no Estado se estabilizou. “A partir de março São Paulo será a alavanca do crescimento do emprego no Brasil“ disse. Lupi acrescentou que em alguns segmentos já há fila de espera de 45 dias para a compra de carros.

Números

1233 milhão de vagas foram abertas em fevereiro e 1224 milhão foram fechadas

797 mil empregos foram perdidos no País entre novembro de janeiro

Recuperação do emprego é dúvida para analistas

A abertura de postos de trabalho com carteira assinada no País deve voltar a perder fôlego e até cair nos próximos meses porém com menor intensidade do que no último trimestre de 2008 preveem os economistas. “Com a continuidade da desaceleração principalmente em investimentos e exportações vamos ver o aumento do desemprego passar da classe média para as classes mais baixas também“ afirma Sergio Vale economista-chefe da consultoria MB Associados.

Segundo ele mesmo que vejamos números positivos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) dos próximos meses o que considera provável eles deverão ser baixos e nada que indique que o mercado de trabalho tenha saído da crise. “Melhora efetiva só em 2010 e tudo dando certo lá fora e aqui dentro“ diz Vale.

“O resultado de fevereiro foi muito ruim. Até agora não ocorreram fatos para comemorar o que não significa que não venham a ocorrer no futuro“ afirma Paulo Francini diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para ele isso fica claro quando se comparam os 92 mil empregos formais que foram criados no mês passado com os resultados de iguais períodos dos últimos três anos em que o saldo positivo nos meses de fevereiro variou de 150 mil a 205 mil novos postos de trabalho.

“Que grande recuperação né?“ ironizou o empresário. Ele lembra que o aumento do emprego formal em fevereiro só foi obtido graças às vagas criadas pelo setor de serviços. Como se sabe os salários nos serviços são bem inferiores aos de outros setores de atividade como a indústria.

Francini pondera que a tendência é de que não se repita nos próximos quatro meses uma perda de postos semelhante à ocorrida desde novembro do ano passado. Nesse período foram fechadas mais 788 mil vagas. “Acho que a parte mais inclinada da descida nós já percorremos. Agora vamos percorrer uma parte da descida que é menos inclinada. Aliás o que o é fundamental para se chegar na estabilidade e começar a crescer de novo“.

Fundo do poço

“Não me parece que a situação está melhor“ opina Sergio Vale da MB. “Apenas que atingimos um fundo do poço e nos mantemos nele.“ Ele não acredita que o processo de perda de empregos esteja estancado.

Para Fábio Romão economista da LCA Consultores setorialmente ainda haverá demissões principalmente na indústria. “Mas obviamente não na magnitude a que assistimos nos últimos cinco meses.“ As empresas do setor fecharam 83 mil postos em novembro de 2008 e mais 277 mil em dezembro. Neste ano foram eliminadas 55 mil vagas janeiro e outras 56 mil em fevereiro.

“Acredito que a indústria ainda vai mostrar fechamento de postos nos próximos meses. Mas pensando no saldo do Caged como um todo acredito que o pior possa ter passado“ afirma o economista. Tanto é que o numero de fevereiro mostrou um saldo liquido positivo de 9 mil postos. “Nossa projeção era de mais 6 mil postos portanto o resultado veio próximo do que a gente imaginava.“

Para o ano a LCA projeta criação de 790 mil empregos formais praticamente a metade das 1452 milhão de vagas que foram abertas em 2008.


Fonte: O Universo Portuário

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