‘Nos próximos dois anos o Brasil terá mais 500 mil pessoas sem trabalho e a tendência de queda da taxa de desemprego dos últimos anos será invertida. O alerta é da Organização internacional do Trabalho (OIT) que ontem publicou novas estimativas sobre o desemprego no mundo e revelou que depois de atingir os países ricos nos últimos anos será a vez de os emergentes serem contaminados pela crise nos próximos cinco anos.

Para a entidade com sede em Genebra os anos de blindagem dos mercados emergentes em relação à crise acabaram pelo menos em relação aos empregos. A taxa de desemprego no Brasil foi de 63% no fim de 2012 segundo os dados da OIT. Subirá para 65% em 2013 e em 2014 atingirá 66% a maior desde 2009 e acima da média mundial. Ao final de 2012 o P aís somava 65 milhões de desempregados. Neste ano chegará a 69 milhões. Já em 2014 vai superar a marca de 7 milhões de brasileiros.

Tanto em números absolutos quanto em porcentual os dados de 2014 ainda são inferiores a 2007. Mas esses anos marcariam segundo os dados uma virada. Os números da OIT sobre o Brasil são acompanhados por uma avaliação detalhada da situação latino-americana. A conspiração é clara: as economias da região já não crescerão de forma suficiente para absorver a mão de obra até 2017.

Segundo a entidade enquanto os países ricos sofreram com a crise países latino-americanos mantiveram a expansão das economias graças aos preços de commodities e políticas anticíclicas que tiveram sucesso.

Agora a OIT alerta que a região vai "sofrer com a desaceleração do comércio global e a queda nos preços de commodities". As projeções da entidade indicam que a região crescerá menos que a média mundial nos próximos cinco anos e isso terá um impacto no mercado de trabalho.

Depois de quatro anos de queda a taxa de desemprego na América Latina vai voltar a subir nos próximos cinco anos passando dos atuais 66% em 2012 para 67% em 2013 e chegando a 68% entre 2014 e 2017. Em uma década a região terá mais 3 milhões de desempregados que em 2007 com 216 milhões no total.

A OIT aponta que a volatilidade de fluxos de capital para a América Latina afetou as economias da região já em 2012. A queda d o desemprego que se via desde 2009 portanto perdeu força.

Ao contrário dos primeiros anos da crise quando o desemprego foi concentrado nos países ricos a pressão começa a ser sentida nos mercados emergentes. Em 2012 75% das demissões já ocorreram em países em desenvolvimento principalmente na ásia e América Latina. "Subestimamos o impacto da crise nos países emergentes" declarou Guy Ryder diretor da OIT.

Enquanto a taxa de desemprego cairá 87% em 2013 para 8% em 2017 nos países ricos as economias emergentes terão uma elevação de suas taxas principalmente no Sudeste Asiático no Sul da ásia e na América Latina. A taxa média do desemprego no mundo que era de 54% em 2007 chegou a 59% em 2012 e irá a 6% em 2013. Esse nível não deve cair até pelo menos 2017.

Produtividade

Mas o aumento do desemprego não é o único desafio para o Brasil. Para a OIT o maior obstáculo ao desenvolvimento e redução da pobreza hoje na América Latina é a baixa produtividade. Se as atuais taxas na região forem mantidas até 2017 o continente terá índic e de produtividade inferior à média mundial. "O ponto fraco é a produtividade" diz José Manuel Salazar da OIT.

Em 2012 cada trabalhador da região produzia o equivalente a US$ 22 mil por ano pouco acima da média internacional. No caso do Brasil a produtividade é ainda mais baixa de apenas US$ 209 mil por ano. Em 2013 deve subir para US$ 214 mil e em 2014 chegará à média latino-americana de US$ 22 mil. Mas a OIT insiste que mesmo assim a região vem perdendo terreno. Há cinco anos foi superada pelo Leste Europeu e em breve será superada pela ásia.

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