Os tempos serão difíceis para o 15 bilhão de assalariados no mundo disse Juan Somavia diretor da OIT com sua enorme capacidade de dizer o óbvio estimando que a amputação salarial afetará seriamente as classes médias e fará mais pobres em torno do mundo.
A entidade prevê dolorosos cortes de salários de 05% nas nações industrializados no rastro da recessão. Globalmente ainda haveria alta de 11% em razão do crescimento que persistirá em algumas economias emergentes.
A entidade projeta para o grupo de países em desenvolvimento aumento salarial de no máximo 35% contra 45% este ano e em todo caso abaixo do ganho de produtividade desses trabalhadores.
Em comunicado Juan Samovia diretor-geral da OIT conclamou os governos a levarem em conta aumentos reais de salários nos planos de recuperação econômica argumentando que do contrário a retomada será mais lenta.
Estudo da OIT sugere que o consumo foi sustentado por endividamento e não em alta de salários. Enquanto a inflação era fraca e a economia mundial progredia num ritmo de 4% entre 2000/07 a expansão salarial foi inferior a 2% na metade dos países do mundo.
O resultado é que a desigualdade salarial continua aumentando. A diferença entre os pagamentos mais altos e os mais baixos chega a 70% em boa parte dos países. A disparidade subiu bruscamente na Argentina China e Tailândia. Baixou no Brasil e a Indonésia mas a desigualdade nos dois ainda está entre as maiores do planeta.
Os dados confirmam que a alta de salários reais continuou abaixo da expansão da produtividade. Assim em 75% dos países houve queda dos salários no Produto Nacional Bruto (PNB) em comparação aos lucros e outros tipos de renda. Segundo a OIT cada ponto suplementar de queda do PNB por habitante provoca baixa salarial de 155%.
Com a crise os salários mínimos estão de novo na agenda social em vários países. Em comparação aos salários médios os mínimos aumentaram 39% entre 2004-2007. Na Indonésia o governo acaba de enfrentar turbulências sociais depois de anunciar aumento do salário mínimo que fica abaixo da inflação.
Nos Estados Unidos os empregados no comércio já tiveram seus pagamentos cortados em US$ 100 em média.
Com as perspectivas sombrias as tensões sociais sobre salários podem se intensificar. A OIT sugere que uma saída pode ser negociação coletiva.
Fonte: Valor Econômico