Os juros básicos que desde então subiram de 1125% para 13% ao ano afetam os juros bancários por dois canais. Primeiro pela elevação dos custos de captação dos bancos. Segundo: o aperto monetário leva os bancos a aumentarem as margens brutas dos empréstimos para fazer frente a uma possível elevação da inadimplência quando se confirmar o cenário de desaceleração da economia e aumento das taxas de desemprego.
Entre junho e julho o custo médio de captação dos bancos subiu de 135% para 138% refletindo o aperto monetário feito pelo BC. Desde março um mês antes de o BC iniciar o ciclo de contenção monetária o custo de captação dos bancos aumentou 16 ponto percentual (pp).
Além do custo de captação houve uma importante alta no chamado spread bancário ou seja a margem bruta dos bancos representada pela diferença entre os custos de captação e os juros cobrados dos clientes. O spread passou de 245 pp para 256 pp entre junho e julho.
O chefe do Departamento Econômico do BC Altamir Lopes diz que embora as taxas de inadimplência se mantenham estáveis os bancos se preparam para um ambiente de maior risco. Os clientes estão buscando crédito com custos mais elevados por isso os bancos embutem nos juros um risco de maior inadimplência afirma Lopes. Entre junho e julho a taxa de inadimplência teve um ligeiro aumento passando de 4% para 42% das operações.
A alta dos juros bancários atinge tanto empréstimos a pessoas físicas como a empresas. No caso do crédito às famílias os juros médios passaram de 491% para 514% ao ano taxa mais alta desde junho de 2007. No caso dos empréstimos às empresas os juros subiram de de 266% para 275% ao ano maior percentual desde agosto de 2006.
Entre as operações com pessoas físicas o cheque especial foi a que mais subiu passando de 1591% para 1627% ao ano entre junho e julho. Também tiveram alta representativa os juros de financiamentos para a aquisição de veículos (311% para 335%) e o crédito pessoal (514% para 536%). No crédito a empresas os juros subiram mais nas operações de hot money cujas taxas passaram de 478% para 507%.
Fonte: Valor Econômico