‘Desde 2013 a economista paulista Maria Helena Santana 55 divide seu tempo entre os conselhos de administração da varejista Pão de Açúcar da empresa de energia CPFL e da companhia de tecnologia Totvs.

A rotina da ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que participa ainda do comitê de auditoria do Itaú Unibanco é uma exceção entre as executivas brasileiras. O país é um dos que menos possuem mulheres nos conselhos de suas grandes empresas.

Na comparação com outros 20 países o Brasil fica à frente somente do Japão. A análise considera o percentual de assentos ocupados por executivas no conselhos de administração das companhias que compõem o índice da Bolsa de cada nação.

O levantamento com as empresas estrangeiras foi divulgado pela organização americana Catalyst que pesquisou a situação em países da América do Norte da Europa e da ásia. Já o das empresas do Ibovespa o índice da BM&FBovespa foi feito pela Folha.

No Brasil as 63 empresas do índice têm 584 assentos em seus conselhos de administração o órgão encarregado de orientar e supervisionar a atuação dos executivos das companhias. Desses só 6% são ocupados por mulheres.

O seleto grupo tem 34 executivas que ocupam 36 assentos. Ao menos 9 delas no entanto são sócias ou herdeiras dos controladores.

"Sinto muita falta. é uma desproporção muito grande entre competência e cargo ocupado na alta administração. Sinaliza uma evolução incompleta das empresas" diz Santana que é a única mulher em todos os três conselhos de administração dos quais participa.

O número de membros do conselho é definido por cada empresa. Em geral há de 5 a 11 conselheiros. Há casos porém em que o número é muito maior. Na companhia de energia Cemig são 15. Não há contudo uma única mulher.

A BB Seguridade subsidiária do Banco do Brasil é a companhia que possui maior representatividade feminina. No conselho da empresa de seguros um terço dos membros é mulher (duas mulheres e quatro homens).

O número reduzido de participantes contribuiu. Nenhuma das companhias do Ibovespa possui mais de duas executivas no conselho.

"A participação delas tem diminuído aliás. Para que haja mulheres em conselho é preciso haver mulheres em diretorias. E isso não tem evoluído muito no Brasil" diz Regina Madalozzo pesquisadora do Insper que estuda à atuação da mulher no mercado de trabalho.

Segundo a consultoria Grant Thornton apenas 22% dos cargos de alta administração são ocupados por mulheres no Brasil. O percentual é menor do que o verificado na Argentina no Chile e no Peru por exemplo.

CULTURA
De acordo com Madalozzo a questão cultural ainda é o grande empecilho para a ascensão das mulheres indicam pesquisas recentes.

A tendência explica é que os executivos procurem eleger candidatos com perfil similar ao deles. E como não há mulheres nessas posições a escolha por um homem tende a prevalecer.

Outra barreira é a exigência de experiência anterior. Como há poucas mulheres participando de conselhos poucas tornam-se elegíveis ao posto.

Na Noruega desde 2003 a lei exige que 40% dos assentos em conselhos sejam ocupados por mulheres. França Espanha e Alemanha seguiram o exemplo.

Para o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) a criação de cotas não é a solução ideal. é preciso que as empresas se empenhem em dar mais oportunidades às mulheres.

"A empresa tem de fazer um esforço porque isso não vai acontecer naturalmente. é nadar contra o fluxo" diz Sandra Guerra presidente do conselho da entidade.

Fonte: Folha de S.Paulo’

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