O mercado de trabalho nacional perdeu 750 mil vagas de emprego formal de dezembro a fevereiro segundo um estudo divulgado hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento da entidade mostra que a perda representa um corte de 23% do total de postos de trabalho do país e é um dos impactos da crise mundial na economia brasileira.


“Estes três meses [dezembro janeiro e fevereiro] são tradicionalmente meses de ajustes sazonais no nível de emprego. Geralmente temos mais demissões que contratações. Mas este ano a crise agravou a situação“ disse o coordenador de relações sindicais do Dieese José Silvestre em entrevista à Agência Brasil.


Só em dezembro por exemplo a crise aumentou em 305 mil o número de demissões no país de acordo com o Dieese. Nas previsões da entidade o Brasil perderia 350 mil vagas de trabalho naquele mês. Porém o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) acabou apontando um corte de 655 mil vagas.


O estudo do Dieese aponta ainda que boa parte das vagas eliminadas desde dezembro são do setor de agropecuária e da indústria de transformação os mais prejudicados em termos percentuais. Só agropecuária demitiu 86% dos seus empregados durante esse período. Já a indústria de transformação demitiu 5%.


Silvestre afirmou porém que pelo menos uma parcela de todas essas demissões poderia ter sido evitada independentemente do agravamento da crise no mundo ou no Brasil. Segundo ele existe uma grande facilidade para se demitir no país e alguns empresários se aproveitam dessa facilidade para cortar mais vagas que o necessário.


“é difícil mensurar o que foram demissões causadas pela crise e o que foram ajustes antecipados promovidos pelos próprios empresários“ afirmou Silvestre citando casos de companhias que anunciaram demissões em massa ao mesmo tempo que anunciaram um aumento de sua produção para 2009.


Silvestre disse que o corte desnecessário de vagas tem outro efeito negativo: a precarização do trabalho. Ele disse que o país desde 2002 apresenta melhorias neste sentido com o aumento do salário mínimo e do salário dos recém-contratados. Essas melhorias porém estão comprometidas pela crise e pela falta de regras rígidas sobre as demissões injustificadas.


De acordo com Silvestre o Brasil deveria criar leis que impeçam as demissões sem justa causa assim como o previsto pela Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “ O custo da demissão já está embutido no custo do trabalhador. Enquanto não tivermos uma lei que iniba as demissões vamos ter esta alta rotatividade “ afirmou.

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados *

Postar Comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.