‘Uma denúncia de demissão por preconceito contra deficientes tem causado indignação entre funcionários da Fundação dos Economiários Federal (Funcef). Uma ex-trabalhadora da entidade que é cadeirante afirma que foi demitida no último dia 2 de fevereiro por sua condição física. Além disso ela acredita que a dispensa seja retaliação por conta de uma denúncia de assédio moral feita no início do ano passado.
“Foi discriminação. Quero divulgar o caso para que esse tipo de coisa não continue a acontecer com deficientes. Não estamos ali só para cumprir uma cota” reclama Luisa (nome fictício a pedido da entrevistada) 34 anos a funcionária demitida. Ela afirma que durante os 11 anos que trabalhou na Funcef só passou a ter problemas em 2014 quando uma nova diretoria foi instaurada no local.
De acordo com Luísa a chefe sempre a tratou de forma desrespeitosa. “Ela gritava comigo tirava minhas tarefas me excluía de reuniões e me afastou da equipe. Era muito constrangedor” conta. O tratamento não se estendia só à Luísa e no início do ano passado um grupo de nove funcionários fez um manifesto ao conselho deliberativo da Funcef para denunciar o assédio.
No documento os trabalhadores listam 24 comportamentos tomados pela gestora que consideravam impróprios. Entre eles estavam agressão verbal distorção de informações gestão do medo e até instâncias em que a chefe teria impedido os funcionários de expressarem opiniões. Eles também anexaram documentos médicos que atestam a necessidade de tratamento psicológico por conta do stress e apreensão que teriam sido causados pela chefe.
De acordo com Luísa após a apresentação da denúncia a gestora foi afastada por três meses. No entanto ao fim do período foi recolocada no mesmo setor e segundo a funcionária demitida o assédio moral permaneceu o mesmo. “O diretor pediu que a gente relevasse e desse uma nova chance a ela. Ficamos com medo de insistir e perder o emprego. Com os outros ela até melhorou mas comigo o problema continuou o mesmo” diz Luísa.
A ex-funcionária afirma que em janeiro também precisou procurar tratamento psicológico para lidar com o stress. No mês seguinte no entanto foi demitida. Ainda de acordo com Luísa a explicação dada pela chefe era de que a Funcef ia passar por uma reestruturação. Mas a jovem tem dificuldades em acreditar. “Poucos dias depois já havia um processo seletivo aberto para a mesma vaga que eu ocupava” afirma.
Luísa alega ainda que a gestora já havia demitido um funcionário deficiente antes. “A gente percebe quando não é desejado no lugar” finaliza.
Questionada pelo Metrópoles a Funcef afirmou que “a demissão da referida empregada ocorreu por razões administrativas sem vinculação com fatos que tenham sido veiculados por quaisquer meios”. A fundação disse ainda que “pauta a sua gestão de pessoas por critérios de valorização e respeito a seus empregados sem qualquer tipo de discriminação”.
Fonte: Metrópoles’