‘Com a recessão já avançada em 2015 o brasileiro ficou mais pobre. O rendimento médio de todas as fontes de renda encolheu 54% ano passado em relação a 2014 já descontada a inflação. O rendimento médio ficou em R$ 1.845 por pessoa por mês segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015 informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Todos os tipos de renda registraram queda em 2015. O rendimento do trabalho passou de R$ 1.950 para R$ 1.853 queda de 5% na passagem de 2014 para 2015. Também foi o primeiro recuo em termos reais em 11 anos. Já a renda média domiciliar caiu de R$ 3.443 para R$?3.186 o equivalente a um corte de 75%. Todas as categorias do emprego registraram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal especialmente os trabalhadores domésticos com carteira assinada (-31%).
A recessão começou no segundo trimestre de 2014 conforme o órgão da Fundação Getulio Vargas (FGV) que acompanha os ciclos da economia mas o quadro piorou ano passado. O encolhimento na renda já vinha sendo captado em outras pesquisas do IBGE mas a queda de 2015 foi a primeira na série da Pnad desde 2004.
Os mais pobres sentiram mais a retração da economia. Entre os 10% da população que têm os menores rendimentos (ganham em média apenas R$ 219 por mês) a queda foi maior de 78%. Os 10% mais ricos (R$ 7.548 por mês) viram sua renda cair 66% em 2015 sobre 2014.
Quando se considera as demais faixas de renda a metade da população que ganha melhor viu sua renda encolher mais do que a metade que ganha pior segundo o IBGE. Com isso a desigualdade de renda manteve trajetória de queda. O índice de Gini que mede a concentração de renda ficou em 0491 em 2015 ante 0497 em 2014 – a escala vai de 0 a 1; quanto mais perto de 1 mais concentrada a renda.
Como todas as classes sociais passaram a ganhar menos em 2015 não há motivos para comemorar esse tipo de queda na desigualdade. De acordo com a gerente da Pnad Maria Lucia Vieira a redução da concentração de renda é boa quando a situação fica "mais homogênea para todos".
"Quando todo mundo perde fica pior para todo mundo. Piorou mais para todo mundo" disse Maria Lucia. "O que a gente quer é igualar todo mundo no melhor" completou a pesquisadora.
A Pnad é realizada pelo IBGE desde 1967 com o objetivo de produzir informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País. O levantamento investiga características gerais da população e dados de educação trabalho rendimento e habitação. Em setembro de 2014 e setembro de 2015 foram visitados 151.189 mil domicílios em todo o Brasil.
Nos últimos anos o IBGE vem se preparando para extinguir a versão anual da pesquisa. Desta vez o órgão de estatísticas garantiu que o estudo divulgado nesta sexta-feira é o último – pesquisadores não foram a campo em 2016. Com isso as informações socioeconômicas passaram a ser divulgadas a partir da Pnad Contínua.
Fonte: Estadão’