A pandemia do novo coronavírus se espalhou pelo mundo e nos colocou em uma situação incomum: o isolamento social. Seguir a recomendação de ficar em casa é fundamental para conter o avanço do Covid-19 em nosso país tanto quanto manter a higiene das mãos, entre outros cuidados de contato. Mas como manter a saúde mental em tempos assim?
Diante do isolamento e do bombardeio de notícias sobre o que fazer, atualização de números de casos e mortes causadas pela pandemia, precisamos lembrar de cuidar das nossas emoções, que podem muitas vezes ficar em último plano.
“As pessoas se desesperam, querem saber de tudo, comprar mantimentos e remédios, mas esquecem da angústia e da tristeza por trás de todo esse movimento”, afirma o psiquiatra Octavio Pavan. Segundo o médico, todo esse stress aumenta a liberação de cortisol (tipo de hormônio) no organismo, que acaba, inclusive, diminuindo nossa resistência imunológica.
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De olho nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma cartilha de cuidados para lidar com esse estado mental durante a pandemia do novo coronavírus. Não usar cigarro, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções e limitar o tempo de exposição às notícias sobre o assunto estão entre as recomendações.
Para Pavan, evitar informações a respeito da pandemia pode trazer mais angústia. Por isso, a dica é separar um tempo do dia para entender – sozinho ou com a família – as atualizações sobre o que acontece tanto na região onde mora quanto no mundo.
“Não podemos ficar reféns das notícias que chegam, mas é necessário filtrar, principalmente o que recebemos [via WhatsApp]”, afirma Pavan. Dessa forma, eleja informações oficiais – como os sites do Ministério da Saúde, da OMS e Organização Pan-Americana de Saúde –, o aplicativo do SUS (Sistema Único de Saúde) – que tem versão para o sistema Android e para o iOs – e veículos confiáveis para fazer o apanhado do dia
Estabeleça uma rotina
Estabelecer uma nova rotina é a estratégia mais eficaz para lidar com o momento e manter a mente ativa e positiva, segundo a psicóloga Carla Guth. Só assim, fala, é possível se organizar e, no fim do dia, ter a sensação de que algo foi realizado.
“Ficar sem fazer nada, no ócio, pode gerar tristeza e ansiedade. É importante estar com a mente ocupada. E estando em casa, é possível escolher sua rotina. Aproveite essa oportunidade”, aconselha.
Para quem está conseguindo trabalhar de casa, a especialista sugere especificar horários de início e fim de expediente, organizar reuniões – com a ajuda de chats e videoconferências – e estabelecer metas diárias.
“As tarefas domésticas também precisam de um tempo específico. Inclua aí arrumações que há tempos você pensa em fazer e nunca consegue. Organize os armários, as fotos, as despensas e os ambientes que possam ser redefinidos.”
Mantenha o contato social, mesmo à distância
Não se sinta sozinho. Esse passo para manter a saúde mental é mais do que consenso entre os especialistas. Como estamos todos na mesma situação, o isolamento é coletivo, diz Carla. Sendo assim, conecte-se, compartilhe seu dia e suas experiências, fale mais com as pessoas e saiba pedir ajuda.
“A ideia principal aqui é que você tenha consciência de que podemos estar isolados em casa, mas continuamos rodeados de pessoas na mesma situação. Existem canais de comunicação para conectar todos e ter momentos sociais. Não se isole”, explica a psicóloga.
Para a especialista, essa é a hora de tirar proveito de toda tecnologia que temos em mãos e que pode nos proporcionar esses momentos: marque encontros virtuais com os amigos, monte um clube do livro, um grupo de estudos etc.
Lembre-se do autocuidado
Ao logo dos dias em quarentena, algo essencial para incluir na rotina e deixar a saúde mental em dia é reservar um tempo para seu autocuidado. “Faça o que você gosta, escolha músicas, livros, séries, filmes… Separe um tempo para meditar, relaxar, cozinhar algo especial ou fazer um exercício físico”, afirma Carla.
Mas tire a pressão sobre você. Nesse momento de vulnerabilidade que vivemos, também é natural não ter motivação para fazer nada. Autocuidado é também respeitar seu tempo para processar o que está acontecendo à sua volta.
Se você não mora sozinho, é nessa hora que deve procurar um cantinho da casa desocupado. “Isole-se no isolamento e pense na sua vida. Todos nós precisamos desse tempo para refletir. Isso gera autoconhecimento e vai fazer muito bem”, diz o psiquiatra Octavio Pavan.
Quem não pode se isolar
Embora o isolamento tenha seu preço, há quem esteja sofrendo justamente por não poder ficar em casa, como médicos, enfermeiros e funcionários de supermercados e farmácias.
Essas pessoas, além de reforçarem a precaução contra o coronavírus, também podem utilizar algumas estratégias desse texto para aliviarem o próprio stress, como usar as redes sociais para ter contato com familiares e amigos ou ouvir uma música que goste.
Ajuda profissional
Por fim, como o prazo de isolamento ainda é incerto, fique atento aos perfis de profissionais da área da saúde que estão se colocando à disposição para tirar dúvidas e amenizar angústias.
“É muito pessoal o nível de stress que acomete cada indivíduo. O importante é tentar fazer coisas diferentes todos os dias e encontrar o que faz bem a você e alivia sua mente”, finaliza Pavan.
Fonte: Natura