Os três maiores bancos privados do País viram seus resultados melhorarem, com o Itaú liderando com lucro de R$ 6,382 bilhões (Por: Rodrigo Tolotti)
Apesar do Itaú Unibanco desapontar o mercado com seu balanço do segundo trimestre, o Bradesco e o Santander garantiram uma boa temporada para os maiores bancos privados do País, que, juntos, tiveram uma alta de 13,82% no lucro líquido em um ano, que ficou em R$ 14,515 bilhões – contra R$ 12,753 bilhões entre abril e junho de 2017.
O Santander foi o primeiro a divulgar seus números do segundo trimestre, com uma alta de 58% em seu lucro, que ficou em R$ 2,972 bilhões, em meio a uma combinação de alta robusta do crédito e controle das despesas operacionais. Na sequência foi a ver do Bradesco, que teve lucro de R$ 5,161 bilhões, uma alta de 9,7%, favorecido pelas receitas de prestação de serviços e resultado das operações de seguros, previdência e capitalização.
Por fim, na noite da última segunda-feira (30), o Itaú Unibanco viu seu lucro avançar 3,4%, para R$ 6,382 bilhões, mas abaixo da menor projeção dos analistas. O balanço foi impactado pela queda nas despesas com provisões para perdas com inadimplência, aumento das receitas com tarifas e aumento das operações de crédito.
Confira abaixo os principais números e análises dos resultados dos três bancos:
Itaú o resultado
O Itaú Unibanco encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 6,382 bilhões, uma alta de 3,4% ante o mesmo período do ano passado. O resultado, porém, ficou abaixo da projeção de R$ 6,495 bilhões dos analistas consultados pela Bloomberg.
O resultado de Produto Bancário da companhia ficou em R$ 28,021 bilhões, levemente acima dos R$ 27,205 bilhões de um ano antes. O retorno sobre o patrimônio líquido do banco ficou em 21,6%, praticamente estável ante os 21,5% de um ano antes.
Enquanto isso, a margem financeira total atingiu R$ 17,295 bilhões no período, uma alta de 1,7% em três meses. A carteira de crédito expandida, por sua vez, subiu 3,7% ante dezembro e fechou junho em R$ 623,256 bilhões.
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O custo do crédito, que considera as despesas com provisões contra calotes, descontos e baixas em títulos, ficou em R$ 3,601 bilhões entre março e junho, uma forte queda de 19,5% ante o mesmo período de 2017. Por fim, o índice de inadimplência caiu para 2,8% no segundo trimestre, contra 3,1% três meses antes.
As análises
Segundo o BTG Pactual, o resultado veio sem surpresas e não deve trazer grande impacto para a performance dos papéis. Os analistas do banco destacam: i) a expansão sequencial da margem financeira e ii) capital ratios melhores, apesar da volatilidade do mercado, o que impactou os pares, mas não o Itaú. O banco mantém recomendação de compra para os ativos.
Já o Brasil Plural apontou para um balanço “relativamente estável”. “Apesar dos lucros ficarem abaixo de nossa estimativa em 4,3% e do consenso de mercado em 2%, os lucros antes dos impostos de R$ 10,2 bilhões vieram um pouco melhor que nossa projeção”, disseram os analistas. Eles mantiveram a recomendação overweight por gostarem do excesso de capital do banco e da sua capacidade de crescer mais rápido a qualquer momento e/ou seu potencial de aumentar o pagamento de dividendos para mais do que o mínimo de 35%.
Bradesco o resultado
O Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 5,161 bilhões no segundo trimestre deste ano, cifra 9,7% maior que a registrada no mesmo intervalo de 2017, de R$ 4,704 bilhões. Na comparação com os três meses anteriores, quando a cifra ficou em R$ 5,102 bilhões, cresceu 1,2%.
O Bradesco lembrou que ocorreram novamente reduções nas despesas com provisões a devedores duvidosos no conceito expandido, a partir da melhora dos principais indicadores de qualidade da carteira de crédito. “Estes fatores também foram os motivadores da importante evolução do resultado operacional nos períodos”, acrescenta a instituição.
A carteira de crédito expandida do Bradesco encerrou junho com saldo de R$ 515,635 bilhões, expansão de 6,0% em relação ao fim de março, quando somou R$ 486,645 bilhões. Em um ano, quando estava em R$ 493,566 bilhões, foi identificada elevação de 4,5%.
A carteira de indivíduos alcançou R$ 182,817 bilhões de abril a junho, alta de 2,8% ante os três meses anteriores e de 6,3% em um ano. O maior crescimento trimestral, contudo, veio da pessoa jurídica, cujos empréstimos tiveram alta de 7,8% e 3,5%, respectivamente, totalizando R$ 332,818 bilhões. O Bradesco encerrou junho com R$ 1,306 trilhão em ativos totais, cifra 0,2% maior em relação ao fim de março, quando o montante era de R$ 1,304 trilhão. Em um ano, quando ficou em R$ 1,291 trilhão, aumentou 1,2%.
O patrimônio líquido da instituição totalizou R$ 113,039 bilhões no segundo trimestre, alta de 5,8% ante idêntico intervalo de 2017. Na comparação com os três meses anteriores, porém, foi vista leve retração de 0,6%. A rentabilidade do banco (ROE, na sigla em inglês) teve queda de 0,2 ponto porcentual, para 18,4% no segundo trimestre em comparação ao primeiro. Ante um ano, entretanto, houve melhora de 0,3 p.p.
As análises
Os resultados do Bradesco no segundo trimestre de 2018 mostraram sólido desempenho de qualidade dos ativos (segundo trimestre consecutivo), mas isso foi compensado por resultados comerciais fracos e por uma taxa de imposto efetiva maior do que a esperada, o que levou a lucros ligeiramente abaixo do esperado. Por outro lado, a mudança no guidance que compensou o lucro.
Para os analistas do Brasil Plural, a primeira leitura do balanço foi positiva, apesar dos números amplamente alinhados com as estimativas. Do lado positivo, eles destacaram a carteira de crédito crescendo 4%, revertendo de forma surpreendente os resultados negativos do primeiro trimestre. Os analistas ainda apontaram a melhora na qualidade dos ativos, com a inadimplência caindo em todos os segmentos e as provisões ficando estáveis.
Já do lado negativo, a equipe do Brasil Plural apontou a NII permanecendo sob pressão e caindo 3,8% na comparação trimestral e 5,1% no anualizado. Além disso, eles apontam o crescimento dos prêmios de seguros, que continuam sofrendo e levando a uma revisão do guidance pra baixo.
Santander o resultado
O Santander Brasilteve lucro societário (referência para remuneração aos acionistas) de R$ 2,972 bilhões e bateu a estimativa mais alta dos analistas consultados pela Bloomberg. A carteira de empréstimos subiu em ritmo acelerado, indo para R$ 290,48 bilhões, 13,1% em 12 meses, com destaque ao financiamento ao consumo, que saltou 23%.
O volume de operações também subiu e, ao praticar maiores spreads (diferença entre o custo de captação e o valor cobrado aos clientes) a receita das operações de crédito subiram 20,1% na comparação com igual período de 2017.
A despesa com provisões para perdas com calotes teve queda de 1,8%, enquanto as despesas gerais avançaram em ritmo inferior às receitas e apesar da alta no quadro de funcionários em 1,4 mil nos últimos doze meses.
O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, teve expansão para 19,4%, fechando notavelmente a diferença com os seus pares privados.
As análises
O Credit Suisse apontou para o resultado surpreendente, destacando que a qualidade dos ativos foi um destaque positivo, com a formação de crédito ruim alcançando o menor nível desde o terceiro trimestre de 2016. Além disso, aponta o Safra, o sólido desempenho na inadimplência e no controle de custos sugere que a estratégia da companhia, focada no cliente, ainda está fornecendo frutos.
Porém, em meio à forte alta das units da companhia no ano, a maior parte dos analistas não se animou em recomendar os papéis do banco de olho no valuation, considerado já esticado. O BTG Pactual, a XP Investimentos, o Credit Suisse e o Safra possuem recomendação neutra para os ativos, enquanto o UBS reiterou a recomendação de venda, destacando que o valuation ajustado continua pouco atrativo.
O Bradesco BBI também possui recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado), uma vez que vê que uma fatia relativamente maior dos lucros vindo de ganhos em tesouraria em comparação com outros bancos, o que pode ser revertido caso haja maior inclinação na curva de juros.
Por outro lado, há quem ainda esteja otimista com os ativos do banco, caso do Brasil Plural, que elevou a recomendação para as units no início da semana passada considerando o momentum atrativo para os lucros; para os analistas, o valuation ainda voltou a níveis atrativos após o mais recente sell-off – os papéis passaram de quase R$ 40 no fim de março para a casa dos R$ 28 em meados de junho.
Fonte: IfoMoney
Diretoria Executiva da CONTEC